Breve encontro
Este é o amor das palavras demoradas
moradas habitadas
nelas mora
em memória e demora
o nosso breve encontro com a vida
Sophia de Mello Breyner Andresen
Merlin's Magic - The Heart of Riki (excerto)
Após o "momento zen", como foi apelidado por um dos convidados sentado na plateia,
iniciou-se a sessão de apresentação da 2ª edição de "O Mercador de Palavras",
de Orlando João Ferreira (texto) e José Pinheiro Duarte (ilustrações)
e numa edição cuidada da NCreatures.
A Professora Maria do Céu Santos, adjunta da Direcção da ES Cacilhas-Tejo e em nome da Srª Directora, deu as boas vindas a Orlando Ferreira e agradeceu a sua disponibilidade para novamente participar numa iniciativa do Centro Novas Oportunidades e da Biblioteca Escolar.
O Professor-Bibliotecário apresentou o autor e a sua ligação ao Japão e à sua cultura, facto do qual são testemunhas a obra "Itinerários de Espanto" (co-autor) e a sua participação no projecto «2005 EU–JAPAN, Year of People-to-People Exchanges» que culminou numa viagem ao Japão em 2007. Orlando Ferreira é igualmente autor de «Os Viajantes do Vento» (2000) e «Roubaram as Cores ao Arco-Íris» (2002).
Perante uma assistência verdadeiramente envolvida pelo pensamento de Orlando Ferreira, o autor de «O Mercador de Palavras» defendeu que a Literatura é essencialmente a busca do espanto e a procura de si. Citando Sophia de Mello Breyner Andresen, «o pior de todos os males seria a morte da palavra»: sem memória, sem profundidade, sem palavra.
João Afonso, o personagem central do livro, procura as palavras perdidas, as sublimes e demoradas que estabelecem relações, em nome da preservação da memória da sua vida, no futuro.
João Afonso, o personagem central do livro, procura as palavras perdidas, as sublimes e demoradas que estabelecem relações, em nome da preservação da memória da sua vida, no futuro.
Na sua viagem encontrou palavras vulgares e percebeu que as sublimes tinham sido expulsas do coração dos homens. Em África, encontrou a escravatura e a Opressão em vez da Liberdade! Em Goa, cidade de comércio, a Cobiça em vez da Generosidade! No Japão, o despojamento, a íntima ligação com a Natureza e a oferta de uma palavra: Amizade!
Para Orlando Ferreira, João Afonso está muito mais próximo de Fernão Mendes Pinto do que dos heróis oficiais dos Descobrimentos Portugueses - a primeira Globalização. Estes personagens, figuras mais ou menos obscuras e anónimas da epopeia portuguesa, são as mais interessantes - algumas, os intérpretes, terão sido mesmo decisivas no encontro de culturas e na comunicação entre os povos.
A memória do impacto nos povos e culturas dessa primeira globalização permite afirmar que o «Português é uma língua de uma oceano de culturas».
Entre João Afonso e Hiromoto, entre o Império do Sol Poente e o País do Sol Nascente, essa relação estabelece-se pela palavra demorada e sublime que é a palavra Amizade.
Para Orlando Ferreira, João Afonso está muito mais próximo de Fernão Mendes Pinto do que dos heróis oficiais dos Descobrimentos Portugueses - a primeira Globalização. Estes personagens, figuras mais ou menos obscuras e anónimas da epopeia portuguesa, são as mais interessantes - algumas, os intérpretes, terão sido mesmo decisivas no encontro de culturas e na comunicação entre os povos.
A memória do impacto nos povos e culturas dessa primeira globalização permite afirmar que o «Português é uma língua de uma oceano de culturas».
Entre João Afonso e Hiromoto, entre o Império do Sol Poente e o País do Sol Nascente, essa relação estabelece-se pela palavra demorada e sublime que é a palavra Amizade.
«A espada é a alma do samurai. Mandei forjar esta para ti, para que não te esqueças de mim quando chegares ao outro lado do mundo. No punho, está escrito: Para João Afonso, mercador de palavras, não estrangeiro mas amigo.»
No final da sessão, o Professor José Lourenço Cunha, Director do Centro Novas Oportunidades de Cacilhas, agradeceu a presença de todos os convidados e dos alunos, enaltecendo com emoção as palavras de Orlando Ferreira e deixando antever que esta colaboração terá novos desenvolvimentos no futuro próximo.
Para João Afonso, «a poesia é o seu último refúgio»
Liberdade
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Hiperligações:
José Fernando Vasco (texto, selecção de citações)
Paula Penha (fotos)
Este "breve encontro com as palavras", mais propriamente com as palavras de Orlando Ferreira foi mágico, do ,meu ponto de vista. Penso que todos nós, na plateia, ficámos " enamorados" pela PALAVRA. De facto, este encontro foi um momento de verdadeiro espanto perante o poder das palavras ( tantas vezes usadas sem se pensar no seu verdadeiro sentido). Tocou-me, essencialmente, a forma como Orlando Ferreira se "demorou" nas palavras, como fez "acordar" nos presentes (pelo menos em mim, fez) o sentimento de que é preciso,é mesmo urgente, demorarmo-nos nas palavras dado que, elas sim, são "decisivas no encntro de culturas, na comunicação entre os povos" e na preservação da memória.
ResponderEliminarGuardei, com especial prazer, a frase: "As palavras demoradas geram relações demoradas".
ResponderEliminarO momento de Partilha foi EXTRAORDINÁRIO(duas palavras a não "expulsar do coração dos homens"!)Mª Rodrigues