O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

Freud e a Nova Concepção do Ser Humano

Sigmund Freud (1856-1939), considerava a natureza humana selvagem e caprichosa desejosa de satisfazer os seus impulsos básicos. Contudo, as restrições da sociedade interiorizadas durante a infância levam a que a criança, primeiro por medo e depois por opção, oriente as suas acções pelas regras e valores da realidade social e cultural.
Se as pulsões são recalcadas elas porém não desaparecem, procurando e encontrando vias para se manifestar, levando a mecanismos cada vez mais repressivos. Nesta medida, existe um conflito intrapsíquico constante entre as exigências pulsionais, instintivas e as exigências da sociedade exprimindo-se em pensamentos e actos, à primeira vista incompreensíveis.
Mas quem são os antagonistas do conflito interior?
O id é a parte mais instintiva da personalidade encerrando todas as pulsões biológicas básicas: comer, beber e, acima de tudo obter prazer sexual. A única lei do id é o princípio de prazer – a satisfação imediata e egoísta desconhecendo restrições morais ou sociais.
O ego deriva do id quando a criança compreende que certas gratificações não ocorrem quando quer. A presença da mãe ou o biberão só chegam quando chora. Há uma consciencialização crescente de uma realidade que lhe é exterior. O ego obedece ao princípio da realidade tentando satisfazer o id mas de modo pragmático de acordo com as exigências do mundo real.
O id não é o único senhor do ego. À medida que a criança cresce desenvolve-se uma espécie de juiz que representa as regras e castigos interiorizados dos pais e, através deles, da sociedade. É o superego. Inicialmente o ego preocupa-se com a realidade externa inibindo acções inspiradas pelo id para evitar aborrecimentos. Mas com a intervenção do superego, o ego começa a inibir acções pois a criança começa a agir e a pensar como se ela mesma fosse o progenitor que louva ou castiga.
A formação do superego coloca o ego numa posição difícil entre dois senhores infantis que emitem ordens contraditórias. As exigências do id são contrárias à razão mas os rigores do superego também se radicam numa irracionalidade imatura. O superego formou-se quando as capacidades cognitivas da criança ainda eram bastante rudimentares, interiorizando o que compreendia. Neste sentido, Freud considerava-o predominantemente inconsciente.
Em suma, o que a divisão tripartida da vida psíquica apresenta, segundo Freud, é uma nova compreensão dos nossos pensamentos e acções à luz da interacção de três factores principais: os impulsos biológicos, as maneiras de satisfazer esses impulsos e a dominar o mundo exterior e as ordens exteriores e interdições da sociedade. A contribuição de Freud reside na insistência em que os conflitos entre estas três forças são interiores ao indivíduo, provêm das experiências da infância e mantêm-se, sem que o indivíduo conscientemente se aperceba disso.

Texto adaptado de:
GLEITMAN, Henry, FRIDLUND, Alan e REISBERG, Daniel (2009).Psicologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 8ª ed, pp. 971-977.




Hiperligações:
Biografia de Freud
Conferências introdutórias sobre psicanálise
Teoria psicossexual de Freud
Freud , o inconsciente, mecanismos de defesa
Entrevista com António Damásio sobre Freud

Títulos disponíveis na BECRE



Sónia Lapa

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