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Vídeo-Poema XXII: «Fim» de Mário de Sá-Carneiro

 «Fim»
(1916)

poema de Mário de Sá-Carneiro
música de João Gil
voz de Luís Represas
instrumentação de Trovante


Quando eu morrer batam em latas, 
Rompam aos saltos e aos pinotes
Façam estalar no ar chicotes, 
Chamem palhaços e acrobatas.

Que o meu caixão vá sobre um burro 
Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa, 
Eu quero por força ir de burro.
José Fernando Vasco

Vídeo-poema XXI: «Pedra Filosofal» de António Gedeão

«Pedra Filosofal»

poema de António Gedeão
música de Manuel Freire

declamação coletiva por formandos, formadores e assistentes ESCT
coordenação e edição: Luís Gomes

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

 In:
Movimento Perpétuo, 1956

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Vídeo-poema XVIII: «Ser Poeta» de Florbela Espanca
Vídeo-poema XIX: «Outra Margem» de Maria Rosa Colaço
Vídeo-poema XX: «Havia um homem...» de Herberto Hélder

José Fernando Vasco

Vídeo-poema XIX: «Outra Margem» de Maria Rosa Colaço

«Outra Margem»
Poema de Maria Rosa Colaço
Compositor: Trovante



Outra Margem

E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?

Vinham p’rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.

Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p’rá escola. O que esperavam?

Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p’rá escola: a novidade.

E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho a vida a poesia.

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José Fernando Vasco

Vídeo-poema XVIII: «Ser Poeta» de Florbela Espanca

Ser Poeta / Perdidamente
Poema de Florbela Espanca
Compositor: João Gil

Instrumentistas: 
Luís Represas - voz 
João Gil - guitarras 
Manuel Faria - Piano, Sintetizador 
José Martins - Sintetizador 
Fernando Júdice - Baixo 
José Salgueiro - Bateria e percussões
Artur Costa - Saxofone



SER POETA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!

in: 
Florbela Espanca (1930). Charneca em flor.


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José Fernando Vasco

Vídeo-poema XVII: «Mudam-se Os Tempos, Mudam-se As Vontades» de Luís Vaz de Camões

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»
de Luís Vaz de Camões

dito por
Rui Reininho


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 

O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 

E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía. 


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Vídeo-poema XVI: «Poema para Galileu» de António Gedeão

José Fernando Vasco

Vídeo-poema XVI: «Poema para Galileu» de António Gedeão

«Poema para Galileu»
de António Gedeão

Declamado por
Mário Viegas


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.

Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.


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José Fernando Vasco

«SobreViver: ad ritmo poetae», o novo livro de poesia de Miguel Almeida


Disponível para consulta na BECRE e no domicílio
a partir de 19 de abril de 2013,
graças à amável oferta pelo autor

Esta é uma poesia que, mais que sugerir, diz. E também deixa claro que Miguel Almeida é um poeta que faz muita falta no panorama da literatura portuguesa, é uma voz carregada de individualidade colectiva e, por isso, não encontro significativos paralelos em rela­ção ao seu discurso. Já tinha ficado impressionado com o autor, quando há algum tempo adquiri e li de um fôlego o seu excelente Templo da Glória Literária, excepcional sob todos os pontos de vista (…). O autor revela-se, cada vez mais, um poeta de discurso sólido, criativo, empenhado perante a vida, com uma poesia que se pensa a si mesma e que pensa cada um de nós (…).” (in: Joaquim Pessoa, Prefácio)

Miguel Almeida é um escritor de interrogações, que se empenha na palavra para arriscar lucidamente a vida, e desse risco fazer poesia.” (Maria Alzira Seixo)

Miguel Almeida dá-nos a poesia a olhar o mundo, a olhar-se a si própria e a agir sobre o acto de pensar. SobreViver é um caminho para o deslumbramento. É um livro que merece ser lido.” (Maria Fernanda Navarro)

SOBRE O AUTOR:
Nasceu em Rãs, pequena aldeia do concelho de Sátão, distrito de Viseu, em 1970.

É autor de Um Planeta Ameaçado: A Ciência Perante o Colapso da Biosfera (2006), A Cirurgia do Prazer: Contos Morais e Sexuais (2010), O Templo da Glória Literária: Versão Poética (2010), Ser Como Tu (2011), Chireto: Uma semana de histórias para contar ao deitar (2011), O Lugar das Coisas (2012) e Aprenducar com a Mãe Natureza: Uma semana de histórias para contar ao deitar (2012). Publicou também, desta vez em co-autoria, Já não se fazem Homens como antigamente (2010). É o coordenador da Colectânea de Novos Poetas Portugueses intitulada Palavras Nossas (Volume I, 2011; Volume II, 2012) e da colectânea Contos do Nosso Tempo (2012).

Licenciado em Filosofia (Variante de Filosofia da Ciência) pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde também fez o Mestrado em Filosofia da Natureza e do Ambiente, exerce actualmente funções docentes na Escola Secundária Cacilhas-Tejo, em Almada.

Vive na Costa da Caparica, com a mulher, Carla, e o filho, Gabriel, na proximidade poética da família e do mar.

Fonte:

OUTROS LIVROS DE MIGUEL ALMEIDA DISPONÍVEIS NA BECRE

Literatura Infanto-Juvenil



Ensaio


Poesia



 Prosa



José Fernando Vasco

Vídeo-poema XVI: «As Portas Que Abril Abriu» de José Carlos Ary dos Santos

«José Carlos Ary dos Santos nasceu a 7 de Dezembro de 1937. Desde cedo, deu mostras da sua irreverência e da sua rebeldia. Não foi um aluno brilhante e limitou-se a concluir o curso liceal. O arranque do percurso poético de Ary dos Santos foi difícil. Se bem que o seu primeiro livro "Asas" remonte a 1953, tinha ele 16 anos, é quase a meio da década de 60 que Ary dos Santos inicia de facto a sua carreira de poeta. 


E só dez anos depois do primeiro volume, em 1963, surge "A liturgia do sangue". Seguiram-se "Adereços, Endereços", em 1965, e "Insofrimento, in Sofrimento", em 1969. Depois do 25 de Abril publica "As portas que Abril abriu" em 1975, e "20 anos de poesia", em 1983.

Trabalha com os nomes mais importantes da música ligeira portuguesa e assume-se, ainda que num contexto nunca totalmente definido, como um anti-regime. A ligação ao Partido Comunista, a vida de boémio, um modo de ser desbragado e incontido e a assumpção descomplexada da sua condição de homossexual tornaram-se então as suas imagens de marca [...]

Morreu aos 46 anos de idade, vítima de cirrose.»

Fonte: RTP/Retratos contemporâneos

Disponível para consulta na BECRE e no domicílio, graças à oferta de José Fernando Vasco

A presente compilação de 1994, da responsabilidade de Francisco Melo para as Edições Avante, reúne toda a obra publicada em vida de José Carlos Ary dos Santos (1937-1984):
* A Liturgia do Sangue (1963)
* Tempo da Lenda das Amendoeiras (1964)
* Adereços, Endereços (1965)
* Insofrimento in Sofrimento (1969)
* Fotos-Grafias (1970)
* Resumo (1972)
* As Portas Que Abril Abriu (1975)
* O Sangue das Palavras (1978)
* VIII Sonetos (1984)
* Asas (1952)


 «As Portas Que Abril Abriu»
(1975)




Artigos relacionados:

José Fernando Vasco

Dia Mundial da Poesia, em Cacilhas

Disponível para consulta na BECRE
graças à amável oferta de Henrique Mota/
Associação de Cidadania de Cacilhas «O Farol».

Assinalando o Dia Mundial da Poesia, a Associação de Cidadania de Cacilhas «O Farol», conjuntamente com «Chá de Histórias», publicou o caderno de poesia «A poesia vadia de volta a Cacilhas, com um pé na rua».
Com poemas de António Boeiro, Bernardes-Silva, Graça Nazaré, João de Jesus, Jorge Fernandes, José Mota, Luís Pulido, Nogueira Pardal, Pedro Marreiro, Susana Marreiro; o caderno de poesia agora publicado segue a tradição de vários anos de poetas e poesias  em Cacilhas e Almada.


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José Fernando Vasco

«A Minha Janela» de Maria Gertrudes Novais + Poetas Almadenses


A décima sessão de «O Prazer de Ler+» - realizada no passado dia 13 de março na Biblioteca Escolar da ES Cacilhas-Tejo, encerrou da melhor forma o programa de incentivo e promoção do livro e da leitura organizado pela BECRE e pelo CNO de Cacilhas.
Contando com a habitual presença de «Poetas Almadenses» e centrado no último livro de poesia  («A minha janela») de Maria Gertrudes Novais, presidente da direção da SCALA; a sessão iniciou-se com a intervenção inicial do professor bibliotecário que agradeceu e relembrou todos os convidados das sessões anteriores: Amélia Campos, Joana Rodrigues, Guilhermina Gomes, Orlando Ferreira, Rui Zink, Miguel Almeida, Inácio Ludgero, Rui Paiva, António Júlio Rosa, Júlia Coutinho, Graça Ferreira, Carmo Miranda Machado, Américo Morgado, Cristina Carvalho, Rosa Alface, José Mário Costa, Maria Amélia Cortes e Luís Alves.


Ermelinda Toscano apresentou a autora e a sua obra e os «Poetas Almadenses», bem como outros presentes na sala, declamaram poemas da mais recente coletânea da autora.


Como corolário interessante - e inesperado - da sessão, um formando de curso EFA declamou um poema de Bob Dylan, «Blowin' In the Wind» que traduziu para português em simultâneo.
A escolha do poema revelou-se muito adequada!


Alzira Lopes, formanda de curso EFA, homenageou todos os poetas presentes nas várias sessões de «O Prazer de Ler+» com um poema da sua autoria e que, com a sua autorização, aqui transcrevemos.

A poesia é uma arte
Ela expressa sentimento
Ela transmite emoção
Ela sai do mais profundo ser
É com alma e coração
É no fundo um saber

Tanta poesia escutei
Destes poetas vadios
Foram versos, foram prosas
Foram tantas palavras soltas
Que escutei com atenção
Ditas com tanta ternura
Que me encheram o coração

~~~~~~~~~~~~

Divulgam-se os dados estatísticos de avaliação da atividade
«PDL+ X - Maria Gertrudes Novais», integrada no programa «O Prazer de Ler+».


José Fernando Vasco

Vídeo-poema XV: «Cântico Negro» de José Régio

«Cântico Negro»

Poema de José Régio

Declamado por:

 I - Marco d'Almeida
II - João Villaret



I
«Cântico Negro»
declamado por Marco d'Almeida


II
«Cântico Negro»
declamado por João Villaret



"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


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Video-Poema I - «O Portugal Futuro» de Ruy Belo
Vídeo-Poema II - «As palavras interditas» de Eugénio de Andrade
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Vídeo-poema X: «Sabedoria» de José Régio
Vídeo-poema XI: «Uma pequenina luz» de Jorge de Sena
Vídeo-poema XII: «Tabacaria» de Álvaro de Campos, por Mário Viegas
Vídeo-poema XIII: «As mãos» de Manuel Alegre
Vídeo-poema XIV: «You Are Welcome To Elsinore» de Mário de Cesariny


José Fernando Vasco

«A Minha Janela» de Maria Gertrudes Novais, em «O Prazer de Ler+ X»

«Foi através da janela que a poesia floriu e não precisou de esperar muito tempo para que nascesse este belo livro de poemas - que só é pequeno no tamanho - ganhasse vida.»

(MILHEIRO, Luís Alves, in: Quase Prefácio)

As palavras de Luís Alves Milheiro são um excelente mote, não somente para a abordagem ao novo livro de poemas de Maria Gertrudes Novais mas igualmente como incentivo a uma deslocação à Biblioteca Escolar da ES Cacilhas-Tejo para a décima sessão de «O Prazer de Ler+», a realizar na próxima quarta feira - 13 de março - pelas 21:00 horas.



Maria Gertrudes Novais, algarvia e natural de Aljezur, reside em Almada desde 1973.
Ainda muito jovem, começou a mostrar inclinação para a poesia.
O seu primeiro livro "Poemas do Meu Sentir", surgiu à luz do dia em 1987, por iniciativa da Casa do Algarve do Concelho de Almada. Em 1988 publicou, "Jeito de Ser", uma nova colectãnea de poemas. Em 1991, por convite da Câmara Municipal de Aljezur, publicou o seu terceiro livro, "Magia do Sonho".
Participou em convívios e festas de solidariedade, sempre que a sua declamação foi solicitada. Ao longo destes anos, que já leva de alguma produção poética, viu o seu nome e muitos dos seus poemas serem incluídos em Antologias, Jornais e Revistas.
Em 2002 foi publicada a colectânea, "Poesia a Cinco Vozes da Margem Sul", de poetas que entre si partilhavam a vivência e a cultura do Sul do País. Em 2005 fez parte da Antologia de Poetas Almadenses, "Alma (da) Nossa Terra" e participou no livro, "Vidas na Corda Bamba", antologia da SCALA. Em 2006 fez parte do CD, "Poetas e Vozes d'Almada", apresentado durante o 1 o Encontro de Poetas Almadenses.
Em 2007 publicou "Uma Dúzia de Poemas", no nº 51 da colecção INDEX POESIS. Em 2009 publicou mais um livro de poemas, "Expressão Viva", editado pela SCALA com o apoio do Município de Almada.
Desde 2008 até à actualidade tem participado em várias antologias temáticas, editadas pelos "Poetas Almadenses" e pela SCALA.

Fonte:
Contracapa de "A Minha Janela"

Hiperligação:

José Fernando Vasco

«Aprenducar com a Mãe Natureza» de Miguel Almeida

Disponível para consulta na BECRE
graças à amável oferta do autor

«Eis um livro indispensável nas estantes das bibliotecas da pequenada. Os brinquedos que ficam espalhados pela casa toda ao final do dia são apenas o ponto de partida para um conjunto de histórias que passam pelas brincadeiras de antigamente e pela importância de dar e partilhar, e que acabam na necessidade de reciclar e cuidar da Mãe Natureza. 

De segunda-feira a domingo, um capítulo para cada um dos dias da semana.
Um livro para as crianças que gostam de aprender e para os pais que gostam de educar.»

Fonte:
Contracapa

OUTROS LIVROS DE MIGUEL ALMEIDA DISPONÍVEIS NA BECRE

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Poesia



 Prosa



José Fernando Vasco

«Antologia Poética do Chá»

Disponível para consulta na BECRE

Oferta da professora bibliotecária Florinda Bogas da Escola Secundária/3 de Barcelinhos

"As actividades de uma biblioteca permitem partilhar, ensinar e educar, interagindo com toda a comunidade educativa, contribuindo para uma escola de sucesso. Este é o grande desafio do projecto de edição de um livro com poemas de alunos, professores e restantes agentes educativos da Escola Secundária de Barcelinhos, ilustrados pelos alunos de Artes Visuais da Escola Secundária Alcaides Faria. (...)
A iniciativa chá de livros, é o exemplo de como podemos conciliar o chá com os seus mistérios, cheiros e sabores diferentes, com as letras, as palavras, a pintura, os livros e os autores que originou "Antologia Poética do Chá", resultado de um conjunto de emoções vividas e sentidas numa escola."
                                                         
Fonte:
Introdução

Chá e Poesia

Não tenho definição de poesia,
Nem de poeta.
Só sei que bebo rimas, palavras,
Como chá reconfortante em noites de trovoadas.

Tal como o aroma do chá,
A poesia solta um leve aroma de calma,
Um aroma que se sente e cheira no fundo da alma.
Aroma que me acalma.
Como acalma o bater do coração.

A textura de uma chávena de chá,
A sua cor e forma requintadas,
Traduz o requinte de uma poesia bem elaborada,
Mostra-nos a leveza das palavras que nos tocam,
Que nos tocam e nos tornm sensíveis
À arte dos apetecíveis.

Posso então concluir,
Que na essência do chá
Tomo um lindo poema
Poema que se torna prazer,
O prazer das palavras beber.


(Marina Costa)

Para ti, chá

Cheguei! Estava de rastos! Ainda ouvia a voz da professora a martelar nos ouvidos.
De repente, olhei para a bancada da cozinha e lá estavas tu. Fumegavas. Olhavas, uma vez mais, para mim, com aquele olhar matreiro que me pedia que fizesse dos nossos corpos um.
Não hesitei. Peguei nos teus finos braços, enfeitiçado que estava com o teu charme e levei-te rapidamente para o quarto, onde poderíamos saciar na maior das privacidades o desejo mútuo que nos assombrava.
Despi o casaco e, esquecendo-me da voz da professora, encostei os meus lábios aos teus. Foi então que, naquele ambiente confidencial, nos fundimos num só. Estava saciando aquele grande desejo e, de repente, soltei um longo suspiro: Chá de cidreira..., o meu favorito! (Domingos Figueiras)

Sónia Lapa

«O Fado e a Poesia» em «A Magia do Sentir» de Luís Alves


«Magia do Sentir», o primeiro livro de poemas de Luís Alves, foi o mote para a 9ª sessão de «O Prazer de Ler+» e proporcionou aos presentes um percurso pelo imaginário poético do autor, "dividido" entre duas paixões: o fado e a poesia.


Apresentado por Ermelinda Toscano e com a importante participação dos «Poetas Almadenses», bem como de duas formandas EFA e do professor Luís Gomes; «Magia do Sentir» proporcionou 90 minutos de boa disposição, de poesia e de fado.


Um dos momentos altos da sessão foi o «Diálogo entre o Fado e a Poesia», personificados pelo próprio Luís Alves e por Maria Gertrudes Novais.



Divulgam-se os dados estatísticos relativos à atividade
«O Prazer de Ler+ IX», integrada no programa «O Prazer de Ler».


José Fernando Vasco
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