Não é fácil sintetizar quem foi Paulo de Cantos (1892-1979).
Professor, editor, gráfico, filantropo, filólogo. Foi tudo isto, mas
talvez a melhor forma de o descrever seja a expressão “o livr-o-mem” (o
livro-homem), expressão usada no título da edição que (...) é lançada em
Lisboa.
O interesse em torno de
Paulo de Cantos surge precisamente por causa dos livros, manuais
didácticos, opúsculos, que editou freneticamente desde os anos 20 do
século passado até morrer. São livros sobre os mais diversos temas -
linguística, geografia, anatomia, literatura, matemática, folclore – e
cuja particularidade é a forma como aproveitou a composição tipográfica
para criar esquemas, desenhos estilizados, mapas antropomórficos.
(...)
Os livros de
Paulo de Cantos chegaram às mãos de António Silveira Gomes, um dos
sócios do atelier
Barbara Says, há mais de uma dezena de anos quando
estudava design gráfico na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Cruzou-se
com eles no Geronte, um bar/alfarrabista no Bairro Alto, “entre copos e
o cheiro a mofo próprio dos alfarrabistas”.
A pouco e pouco, a
curiosidade sobre quem seria aquele curioso autor foi crescendo até que
António e Cláudia Castelo, editora e sócia do Bárbara Says, decidiram
que tinha chegado a altura de fazer alguma coisa para revelar tão
singular figura. (...) O resultado destas descobertas é
O livr-o-mem – Paulo d’ Cantos n’ Palma d’ Mão.
(...)
Paulo de Cantos nasceu em
Lisboa, estudou em Coimbra, onde foi contemporâneo de Salazar. Foi
professor no Liceu Pedro Nunes, reitor do Liceu Eça de Queiroz, na Póvoa
de Varzim, fez cursos de química, belas-artes e até vitivinicultura.
Regressou a Lisboa onde fundou o Centro de Profilaxia da Velhice na sua
casa, e criou a Bibliarte, um alfarrabista por onde passaram Fernando
Pessoa, Cesariny, entre outros.
Fonte:
Público - Cultura (texto)
The Ressabiator (imagem)
Vídeos:
Paulo de Cantos: um editor à frente do seu tempo
Book Launch — O LIVR-O-MEM -- Paulo d' Cantos n' Palma d' Mão
Paula Penha