Mas qual é a pedra que sustém a ponte? – pergunta Kublai Kan.
A ponte não é sustida por esta ou por aquela pedra, responde Marco,
mas sim pela linha do arco que elas formam.
Kublai Kan permanece silencioso, reflectindo.
Depois acrescenta: Porque me falas das pedras? É só o arco que me importa.
Polo responde: Sem pedras não há arco.
Italo Calvino, As Cidades Invisíveis
A grande “pedra” que nos abriga será o palco de mais um encontro para falar sobre o clima durante duas semanas (de 7 a 18 de Dezembro). Os últimos relatórios do IPCC (Painel Inter-governamental para as Alterações Climáticas) inequivocamente admitem que a maior parte do aquecimento planetário observado nos últimos 50 anos é da responsabilidade das actividades humanas. Os ministros do ambiente das Nações Unidas reunirão com o objectivo de conseguir um novo acordo internacional que substitua o Protocolo de Quioto, válido até 2012. Os problemas ambientais em jogo são os efeitos mais prováveis das alterações climáticas: aumento da temperatura terrestre e do nível médio das águas do mar, extremos meteorológicos, desequilíbrio e devastação dos ecossistemas actuais, alterações da produtividade agrícola e impactos na saúde humana (ondas de calor, secas devastadoras, transmissão de doenças infecciosas por maior incidência de cheias e por insectos que se espalharão por áreas mais vastas). Os refugiados do clima não conhecerão fronteiras...
Os principais gases com efeito de estufa como o CO2, o metano, o óxido nitroso, os hidrofluorcarbonetos (HFC) e perfluorcabonetos (PFC), e o hexafluoreto de enxofre, têm ajudado a acelerar a tendência natural de subida da temperatura terrestre (por variações na inclinação do eixo terrestre, na curvatura da órbita da Terra em torno do Sol e na intensidade da radiação solar) desde o fim da última glaciação, há dez mil anos. O combate às alterações climáticas da nossa responsabilidade passará por uma partilha de encargos entre todos os países: a atmosfera e a água são comuns; o interesse pela biosfera e ocupação e aproveitamento económico dos recursos do solo e subsolo também.
Os principais gases com efeito de estufa como o CO2, o metano, o óxido nitroso, os hidrofluorcarbonetos (HFC) e perfluorcabonetos (PFC), e o hexafluoreto de enxofre, têm ajudado a acelerar a tendência natural de subida da temperatura terrestre (por variações na inclinação do eixo terrestre, na curvatura da órbita da Terra em torno do Sol e na intensidade da radiação solar) desde o fim da última glaciação, há dez mil anos. O combate às alterações climáticas da nossa responsabilidade passará por uma partilha de encargos entre todos os países: a atmosfera e a água são comuns; o interesse pela biosfera e ocupação e aproveitamento económico dos recursos do solo e subsolo também.
O crescimento económico dos países em desenvolvimento irá inevitavelmente provocar uma grande pressão sobre o ambiente. Sem o exemplo dos países desenvolvidos no que respeita à alteração dos seus hábitos de consumo e à implementação de energias renováveis, assim como o seu auxílio na transferência de recursos e tecnologia para estes países, o desenvolvimento sustentável das nações mais pobres será deficiente e também altamente prejudicial para a saúde planetária.
Na cimeira de Copenhaga as questões que estarão sobre a mesa são difíceis de resolver: Qual o montante de emissões que os países industrializados estão dispostos a cortar? O que estão dispostos a fazer os principais países em desenvolvimento, como a China e a Índia, para limitar o aumento das suas emissões? Que ajuda precisam os países em desenvolvimento para reduzir as emissões e adaptarem-se aos impactos das alterações climáticas? Como é que o dinheiro vai ser gerido? Como antecipar, prevenir ou minimizar internacionalmente as causas das alterações climáticas e reduzir os seus efeitos prejudiciais? Conseguirá Barack Obama inverter a triste e selvática história das emissões dos gases com efeito de estufa?
Na cimeira de Copenhaga as questões que estarão sobre a mesa são difíceis de resolver: Qual o montante de emissões que os países industrializados estão dispostos a cortar? O que estão dispostos a fazer os principais países em desenvolvimento, como a China e a Índia, para limitar o aumento das suas emissões? Que ajuda precisam os países em desenvolvimento para reduzir as emissões e adaptarem-se aos impactos das alterações climáticas? Como é que o dinheiro vai ser gerido? Como antecipar, prevenir ou minimizar internacionalmente as causas das alterações climáticas e reduzir os seus efeitos prejudiciais? Conseguirá Barack Obama inverter a triste e selvática história das emissões dos gases com efeito de estufa?
Agora, são precisos poetas para salvar a Terra. Eles podem mudar o mundo. Gente com paixão e uma causa. Gandhi, J. F. Kennedy, Martin Luther King, Che Guevara, João Paulo II ou Nelson Mandela foram poetas à sua maneira. Não é o destino da globalidade da biosfera que está em causa, pois esta sobreviverá a novas condições ambientais, mas a destruição da única espécie que, provavelmente, desenvolveu a consciência de si própria em todo o universo: Nós.
No afastado ano de 1962, a publicação da famosa obra de Rachel Carson, Primavera Silenciosa, fez com que as preocupações ambientais começassem a fazer parte da opinião pública e do governo dos homens. Talvez influenciada pelos movimentos ambientalistas então criados, a laureada poetisa Wislawa Szymborska publica nesse mesmo ano o poema Conversa com a pedra, um hino ao nosso planeta.
Bato à porta da pedra.
Sou eu, deixa-me entrar,
quero ver-te por dentro,
saber como és,
respirar-te.
Vai-te embora, diz a pedra.
Estou fechada a sete chaves.
Mesmo feitas em pedaços,
estaremos fechadas a sete chaves.
Mesmo reduzidas a areia,
não deixaremos ninguém entrar.
(...)
Não entrarás, diz a pedra.
Falta-te o sentido da partilha.
E nenhum outro sentido te substituirá o sentido da partilha.
Nem uma visão apurada e omnividente
te há-de valer sem o sentido da partilha.
Não entrarás, em ti esse sentido é mera concepção,
o gérmen, a imaginação.
(...)
Se não acreditas em mim, diz a pedra,
vai ter com a folha, dir-te-á o mesmo.
Com a gota de água, o mesmo te dirá.
Por fim, pergunta a um cabelo da tua cabeça.
Estou prestes a soltar uma enorme gargalhada
mas não tenho o dom do riso.
Bato à porta da pedra.
Sou eu, deixa-me entrar.
Não tenho porta, diz a pedra.
UM DIA, A "PEDRA" QUE JULGAMOS CONHECER TAMBÉM NÃO TERÁ UMA PORTA ABERTA PARA NÓS...
Rosa Espada (texto)
JFVasco (selecção de imagens)
Títulos a consultar na BE/CRE:
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