O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

«A poesia de Fernando Pessoa»


Fernando Pessoa representa uma figura inigualável, de uma grandiosidade poética marcante que sempre tendeu a não se cingir apenas ao seu próprio tempo, entoando ainda nos dias de hoje com a mesma preciosidade e originalidade com que se estreou.

Pessoa dota o papel em branco de incontáveis e pesadas emoções, com uma surpreendente audácia e uma capacidade brilhante, facilmente desenhando sentimentos de solidão, frustração, cansaço, tédio ou desespero, ao constatar o aprisionamento da sua pessoa a uma perigosa lucidez que o atormenta continuamente e que se traduz numa luta constante com o seu próprio eu.

É neste facto que habita o factor intemporal da poesia de Pessoa: um transbordar de pensamentos, uma preocupação constante com a obtenção de felicidade e do encontro da nossa própria identidade, uma saudade triste relativa a tempos felizes... sentimentos que assaltam tantas vezes a tranquilidade dos demais seres humanos.

Porém, apesar da existência de uma identificação pontual bastante forte com a natureza da temática do poeta em questão, não considero vantajosa a adopção da sua típica posição negativista constante, a sua dor de viver, o seu implícito desejo de vestir uma outra pele que não a sua.

Pessoa, prisioneiro da sua lucidez, tenta por diversas vezes alcançar um anti-sentimentalismo, conseguido pela intelectualização das suas emoções, que o próprio considera essencial à poesia. Este fingimento artístico é, sem dúvida, uma beleza poética fingida, na qual se silenciam inúmeros detalhes emocionais, na qual escapa aos olhos do leitor a verdadeira essência do poeta, e que, devido a esses mesmo factos, não patrocino.

Porém, considero notável o facto de que esta constante luta conduz Pessoa à sua própria divisão por diferentes personalidades e ideais em conflito dentro de si, distribuindo-as por três heterónimos, de naturezas bastante distintas, que é feito com uma tremenda habilidade como se de três autores distintos se tratasse, e, do ponto de vista psicológico, um tanto curioso a maneira como se deixava conduzir por personalidades distintas, subordinando-se por completo a estas, e considerando que com elas teria muito a aprender... é maravilhoso como tateava a “loucura” com uma lucidez plena. O carinho, relativamente à obra do poeta em questão, espera-se intemporal, pois dificilmente a articulação perfeita de sentimentos e a mestria com que brincava com as palavras dotarão outro ser-humano com a mesma genialidade como dominavam Pessoa.
Ana Maria Pereira
(aluna CCH - Línguas e Humanidades)

Lousas escolares


"Falar em lousas escolares faz-nos recuar no tempo, mas sabia que ainda são uma realidade nos dias de hoje? Alexandre Leite, professor da FEUP, fala-nos deste objeto que fez parte da infância de muitos de nós." 

Fonte: Engenharia num Minuto

Rosa Espada

«Se eu fosse livre...»

E se eu fosse livre? Livre para praticar o meu desporto favorito desde a alvorada até ao cair da noite, livre para percorrer o mundo e ver o que ele de melhor tem para me oferecer.
Oh! Doce liberdade; incontáveis as vezes que me perdi no significado desta palavra; e as lágrimas derramadas pela sua ausência, afogam-me na tristeza.

Muitos preferem acreditar que são livres, e prendem-se a essa quimera ilusória. Eu sei que não sou livre! Mas se fosse... Seria mesmo capaz de fazer o que mais quero, enquanto a melancolia enche os olhos das pessoas acorrentadas, forçados a uma rotina monótona e cansativa, que lhes corrói, gradualmente, a vontade de viver?

Pergunto-me se me conseguiria manter alegre, sozinho no reluzente mundo, que, com toda a sua policromia, nos atrai do lado de fora desta intransponível barreira cinzenta. Nenhum de nós é livre nas suas acções, alguns apenas pensam que o são. O sistema político-social e monetário limita indirectamente as nossas acções. No entanto, nunca conseguirão acorrentar o meu pensamento! Não existem grilhetas suficientemente fortes para o conter.

Não! Não seria feliz, a liberdade apenas me entristeceria. Prefiro manter-me fiel aos meus ideais, e se for livre, então que seja livre de me enjaular ao lado dos ávidos soldados da paz, que me deixem lutar pela liberdade global, não só para mim, um mero e mortal indivíduo, mas para toda esta gloriosa espécie! Até lá, contento-me com um sonho, e com a simbologia que acompanha as minhas pequenas acções.

Não pertenço a ninguém, tal como espero que ninguém me pertença.

«A influência da poesia de Fernando Pessoa na minha visão do mundo, da vida e da poesia...»


Fernando Pessoa é o poeta mais contemporâneo que estudei até agora, talvez seja por isso que é fácil identificar-me com a sua poesia.
Pessoa tem uma poesia intemporal. Apesar de ter surgido numa época de evolução cultural em Portugal com a vaga do Modernismo, não ficou presa no tempo, ainda hoje, nos nossos dias, numa sociedade completamente diferente da dos inícios do século XX e num mundo em que tudo muda e se transforma num segundo, a poesia de Pessoa mantêm-se inalterável.
Talvez seja este o facto que me permite que, através da poesia de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos, seja possível reflectir sobre o mundo. Ao ler os poemas de Pessoa é provável que nos questionemos sobre o mundo que nos rodeia. Por um lado, podemos reflectir sobre o impacto do conhecimento no mundo, será que se o Homem não tivesse tamanha sede de conhecimento, lidaríamos hoje com algumas das maiores catástrofes da Humanidade como as guerras ou aquecimento global? Tudo isto é fruto do comportamento do Homem. Por outro lado, será que se não estivéssemos tão presos ao pensamento, éramos felizes? Ou o conhecimento é algo inevitável sem o qual não sobreviveríamos?
Se por um lado, podemos reflectir sobre o mundo, é mais natural ainda que através das palavras do poeta reflictamos sobre a nossa própria vida e sobre a forma como a encaramos. Pessoa concentra em si, ortónimo e seus heterónimos, as diversas filosofias de vida: se com Alberto Caeiro somos levados a reflectir sobre a pureza, a inocência e o determinismo da Natureza, sobre a forma simples como é possível ser feliz com pouco, apenas pelo convívio com a Natureza, já com Ricardo Reis tudo muda. Somos confrontados com uma visão muito mais racional da vida, construída sobre um equilíbrio entre o que se sente e o que se pensa, sem nunca ser levado pelas emoções de forma excessiva. Talvez me identifique mais com a forma racional de Ricardo Reis encarar a vida, embora admire muito a forma simples e natural como Alberto Caeiro é feliz.
Assim, considero, sem dúvida, que a poesia de Fernando Pessoa alterou a forma como vejo a poesia, uma vez que ao refletir sobre temas intemporais como a vida, o mundo e tudo o que nos rodeia, vou construindo a minha própria identidade.
Ana Martins
(aluna CCH - Línguas e Humanidades)

Jogos matemáticos III - Tangram ou Puzzle Chinês


"Tangram é um quebra-cabeça chinês formado por 7 peças (5 triângulos, 1 quadrado e 1 paralelogramo.) Com estas peças podemos formar várias figuras, utilizando todas elas sem sobrepô-las. Segundo a Enciclopédia do Tangram é possível montar mais de 1700 figuras com as 7 peças. Este quebra-cabeça, também conhecido como jogo das sete peças, é utilizado pelos professores de matemática como instrumento facilitador da compreensão das formas geométricas. Além de facilitar o estudo da geometria, ele desenvolve a criatividade e o raciocínio lógico, que também são fundamentais para o estudo da matemática. Não se sabe ao certo como surgiu o Tangram, apesar de haver várias lendas sobre sua origem. Uma diz que uma pedra preciosa se desfez em sete pedaços, e com elas era possível formar várias formas, tais como animais, plantas e pessoas. Outra diz que um imperador deixou um espelho quadrado cair, e este se desfez em 7 pedaços que poderiam ser usados para formar várias figuras."

Fonte: Wikipédia



Algumas figuras construídas com as 7 peças do Tangram



Artigos relacionados:
Rosa Espada

«Como Fernando Pessoa me mudou…»


Sim, admito que nunca fui grande fã de poesia, e, portanto, não me senti minimamente entusiasmada quando me apercebi de que ia estudar Fernando Pessoa, durante grande parte do ano. Sempre olhei para a poesia como séries de palavras conjugadas “ao calhas”. Imaginava os poetas na generalidade como pessoas que como não tinham jeito para escrever e, como queriam reconhecimento e fama, limitavam-se a inventar frases com palavras e sentidos que ninguém percebe. Depois, cada estudioso que lesse esse poema inventaria um significado profundo para ele que muito provavelmente nem sequer existe. Admito também que sempre preferi ou achei que preferia as matemáticas e as coisas objectivas, o resto não era legítimo.

Começámos por dar Fernando Pessoa ortónimo, e numa primeira leitura não me surpreendi, “é apenas mais um que gosta de inventar que sabe o que está a escrever”. Continuei, persistente, a ler e a ler e, para meu espanto, reconheci nos poemas os meus sentimentos e pensamentos, aqueles que às vezes me passam pela cabeça, mas que me esqueço de voltar a pensar neles e exteriorizá-los. Talvez por ter achado que seriam tolos e sem importância. Devo confessar que foi um alívio descobrir alguém que poderia compreender, certas reflexões que me ocorrem, e (quem diria?) logo um poeta! Não admira que seja um ícone da literatura portuguesa, este senhor até diz coisas explícitas e com sentido!

Ao contrário de muita gente, não achei estranha a divisão de Fernando Pessoa em vários heterónimos. Comparei com o meu caso: na minha vida deparo-me com muitas situações diferentes, e também eu olho para elas com visões distintas, que dependem do meu humor ou de acontecimentos externos. Na minha opinião, todos nós temos de certa forma a alma fragmentada e cada fragmento vem ao exterior “à vez”.

Gostei bastante de Alberto Caeiro. A sua forma simples e pura de ver o mundo e a Natureza tal como são despertaram em mim o fragmento natural e descomplicado. Ler os seus textos é como estar presente na paisagem e saboreá-la no momento, ouvir e ver só a ler. É difícil explicar, mas é como um método imediato de transporte para um prado no Alentejo, que se torna infalível quando conjugado com a concentração e um pouco de imaginação. Ricardo Reis também mereceu sem dúvida a minha reflexão, embora não tenha sido tão fácil simpatizar com ele como com Alberto Caeiro. Passei a ter em conta a ideia de carpe diem; Ricardo Reis ensinou-me que todas a experiências são para ser aproveitadas ao máximo, pois nunca se sabe o que o Destino nos reserva. Esta máxima é tão certa para mim, como a Bíblia para um cristão. Os seres humanos possuem uma característica que os impede de gozar a vida: a banalização das coisas. Isto acontece com toda a gente, é inevitável. É como quando recebemos um presente no Natal e passado algum tempo deixamos de lhe dar valor, ou como quando tomamos algo por garantido e não damos graças por o termos. É esta característica que nos impede de dar valor ao que possuímos, que nos torna ingratos, descontentes e permanentemente à procura de algo que não temos. Ricardo Reis poderia ensinar a muitas pessoas que andam por aí desagradadas com tudo na vida a aceitarem e aproveitarem o que têm. Embora siga este lado da sua visão, há algumas ideias com as quais eu não concordo: não considero que sejamos escravos do Destino ou que a sua aceitação seja um acto triste. Sim, é possível que o Destino exista, mas isso não implica que nos conformemos com situações desagradáveis que podemos mudar. Lutar pelos nossos sonhos e acreditar que é possível alcançá-los se fizermos por isso é algo que nunca podemos esquecer.

Em jeito de conclusão, considero que o resultado do encontro com Fernando Pessoa foi, numa palavra, inesperado. Olhando para o que mudou em mim, é certo que aprendi, mas mais importante, a poesia pôs-me a pensar e a comparar o sujeito poético, comigo mesma e com as minhas ideias. Ajudou-me a auto conhecer-me, a passar algum tempo a por os pensamentos em ordem e a encarar o mundo e os contextos com outros modos.
 
Ana Miranda
(aluna CCH - Ciências e Tecnologias)

A BD nas bibiliotecas e centros de recursos

A banda desenhada, embora constitua grande sucesso de vendas (basta pensar em alguns autores como Hergé ou personagens, por exemplo Tintim, Astérix, Batman, etc), ainda não alcançou um patamar de reconhecido valor a nível cultural e científico na nossa sociedade.
No entanto, esta forma de narrativa efetuada através da sequência de imagens, acompanhada ou não da palavra escrita,assume-se como um meio de expressão para diversos tipos de público alvo, desde o infantil ao adulto, e até a específicos leques de utentes, com necessidades em áreas científicas diversas.
Um dos méritos apontados para a BD nas bibliotecas reside nas suas potencialidades de atração dos jovens, desviando a sua atenção do extra consumismo audiovisual e multimédia e potenciando a ligação ao mundo dos livros.
Esta forma de arte pode ser veículo de divulgação de áreas diversas do conhecimento humano (direito, por exemplo - direitos do Homem), pode produzir obras como biografias, ou seguir a via da ficção (aventuras, nomeadamente).

Este recurso educativo está presente no fundo documental da nossa BECRE em obras tão diversas como:

GUASPARI, Maria Bartolozzi - Thomas Edison

HERGÉ - As aventuras de Tintim: O segredo do Licorne

JAQUIER, Jean-François - Dessine-moi un droit de l'homme

LARANJEIRA, Carlos; REBELO, Paulo e LARANJEIRA, Isabel - Os agentes S.M.A.S. numa aventura em Almada

PETIT, Jean-Pierre - As aventuras de Anselmo Curioso: Os mistérios da geometria

RUY, José - Mataram o Rei!... Viva a República!

RUY, José - Mirandês: História de uma língua e de um povo

RUY, José e HONRADO, Alexandre - Alves dos Reis: Uma burla à portuguesa

Estes materiais certamente estarão ao nível das obras de escrita mais convencional, constituindo um recurso igualmente valioso para a aprendizagem de diferentes matérias.

Artigo relacionado:

Conceição Toscano

«Como poderá a poesia de Fernando Pessoa influenciar-me?»


De todos os poetas portugueses não deverá haver muitos que englobem tantas personalidades tal como fez Fernando Pessoa. O porquê dessa causa é discutível, não se achando uma resposta concreta, universal e finita mesmo quando todos os “sábios” da literatura portuguesa convidam os leitores a conjecturarem uma opinião. O certo é que todos nós podemos ter uma ideia peculiar do porquê das múltiplas personalidades de Pessoa. Ao longo deste texto apresento a minha, numa direção que levará à conjectura de uma personagem que liga os heterónimos de Pessoa, mas num sentido muito subjectivo e, assim sendo, como pode Pessoa, de alguma forma, influenciar-me.

Para dizer se o faz, ou como o faz, é necessário conhecer as personalidades que Pessoa criou. A primeira, o “mestre de todos os outros heterónimos”, ganhou esse estatuto porque foi o único que atingiu o objectivo que Fernando Pessoa estabeleceu para um poeta livre, que não liga ao conhecimento mas vive no imediato e não no passado, no “ver” e não no pensar e que escreve, fazendo dessa forma de escrita, a sua forma de viver. Assim, Alberto Caeiro só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade com a qual contacta a todo o momento, sentindo-a, sem colocar qualquer que seja o significado humano, não fazendo assim, como é costume humano, uma atribuição de significado próprio às coisas. A alienação tenta ser total, para lá do que acontece com todos os outros heterónimos: Caeiro tenta ao máximo afastar-se do pensamento, vendo e sentindo as coisas tal como são, sem passado nem futuro, aproximando-se, assim, tal como propõe, da felicidade.

Perto dele encontra-se Ricardo Reis. Mas este apenas retira de Caeiro o facto da procura da felicidade só ser conseguida num lugar calmo, tranquilo, como o campo e, para além disso, tal como Caeiro, dever-se-á viver a vida a cada momento. O que o distingue de Caeiro é a procura da serenidade, do não se deixar levar pelos impulsos dos sentidos, dos instintos. Isto cria em Ricardo Reis uma apatia, uma prisão de movimentos, sendo a sua liberdade constantemente assaltada pelo “destino” da pressuposta efemeridade de vida.

No extremo oposto a Ricardo Reis, detentor de uma apatia algo extremista, situa-se Álvaro de Campos com a sua energia frenética. Campos procura, mais que todos os outros heterónimos, a totalização das sensações pois, sentindo a complexidade e a dinâmica da vida moderna, deseja sentir até mesmo o pensar, contrastando assim com Alberto Caeiro. Desejoso de ultrapassar todos os limites das próprias sensações, Campos entra numa demanda por “ser toda a gente e toda a parte”.

Na verdade, a poesia de Fernando Pessoa pouco ou nada me influencia. Todos os heterónimos formam à volta de si carapaças que parecem excluí-los do que se passa no mundo. Refugiam-se nas suas personalidades muito características, fugindo desta forma e no meu parecer a uma das sensações mais fortes do ser humano: a de amor ao próximo. Esse amor traduz-se em várias situações. Entre elas, podemos contar a ajuda social, o sentimento altruísta, não buscando a felicidade só para nós próprios mas sim a felicidade conjunta. Alberto Caeiro tenta ao máximo afastar-se do passado e do pensar. Mas estas duas dimensões são das sensações de que o ser humano mais precisa. Não é por pensar que o Homem fica preso. Aliás, é unindo o passado com o ato de pensar que se consegue chegar a conclusões de como se podem, por exemplo, aprender com os erros anteriormente feitos. Já Ricardo Reis tenta alcançar a felicidade, mas de forma tranquila, sem agir. Ora, isso é completamente impossível. Não tem o Homem capacidade de se mexer? De olhar para um dourado, “energizante” e ao mesmo tempo contemplativo pôr de sol? Até de sentir o êxtase da felicidade de alguém próximo e com essa pessoa partilhar o momento de alegria que enche esse coração? Ou até assistir uma pessoa que sente dor, chorando com ela e ajudando-a a levantar-se? A resposta é sim. Em relação a Álvaro de Campos, considero que a histeria deve ser controlada. A energia frenética que as máquinas trazem, deve ser canalizada para o bem da Humanidade. Todas as sensações não devem ser alvo de se querer vivê-las. Há aquelas, como o roubar, o invejar, o maldizer, que não honram de maneira nenhuma o Homem. Essas devem ser excluídas do desejo humano.

Por último, penso que Fernando Pessoa poderia ter construído algum heterónimo que trouxesse algo de diferente à sociedade portuguesa. Não mais personalidades que apenas revelam o que é comum e existe em todas as sociedades. Mas talvez uma personalidade de esperança, de esforço, ajuda ao próximo, alguém que não fosse preocupado com o atingir da sua felicidade individual mas quisesse a mesma felicidade total para todos. E tal personagem até poderia ter alguns dos traços característicos dos heterónimos: o gosto da natureza de Caeiro no sentido de preservar o ambiente e ajudar a construir e tornar vigente as boas práticas ambientais; a serenidade e calma de Ricardo Reis que ajudam ao pensamento correcto, inteligente e lógico; e a atitude de agir de Álvaro de Campos, no sentido de não deixar cair em preguiça ou displicência qualquer que seja a tarefa que cabe a cada um no meio da sociedade.

Talvez Pessoa não tenha construído essa personagem de propósito, criando apenas os seus opostos, mas deixando alguns traços que ela poderia ter. Talvez de propósito para que fossemos nós, a sociedade portuguesa a achá-la, a construi-la, sendo esse ato representativo dos passos que Portugal poderá necessitar de dar para, num futuro próximo e, se quiser, chegar a ser uma sociedade de valores morais e éticos que ajudem a se chegar à felicidade conjunta.
 
 João André Gama Silva
(aluno CCH - Línguas e Humanidades)

«Do they know it's Christmas time at all?»


São os desejos da equipa BECRE para todos os nossos leitores !



It's Christmas time
There's no need to be afraid
At Christmas time
We let in light and we banish shade
And in our world of plenty
We can spread a smile of joy
Throw your arms around the world
At Christmas time

But say a prayer
Pray for the other ones
At Christmas time it's hard
But when you're having fun
There's a world outside your window
And it's a world of dread and fear
Where the only water flowing
Is the bitter sting of tears
And the Christmas bells that ring there
Are the clanging chimes of doom
Well tonight thank God it's them instead of you

And there won't be snow in Africa
This Christmas time
The greatest gift they'll get this year is life
Where nothing ever grows
No rain nor rivers flow
Do they know it's Christmas time at all?

BRIDGE:
(Here's to you) raise a glass for everyone
(Here's to them) underneath that burning sun
Do they know it's Christmas time at all?

END:
Feed the world
Feed the world
Feed the world
Let them know it's Christmas time again
Feed the world
Let them know it's Christmas time again

José Fernando Vasco

«O Amor na literatura portuguesa»

O amor é um tema recorrente na literatura portuguesa e mundial. O assunto acaba por se repetir e reinventar em poemas, crónicas, romances.

A visão platónica do amor, apresentada por Camões, está ligada à ideia do Amor como um ideal superior e perfeito e apenas baseado na contemplação, que todos os Homens tentam alcançar mas, sendo imperfeitos, não conseguem. Leva então à resignação, tendo o Homem de se servir apenas do amor físico, o que leva à dor, à angústia e à tristeza. Por outro lado, a mulher é o objecto do amor – apesar de ser outro ser imperfeito, torna-se o reflexo da beleza perfeita, e ideal aos olhos do amado.

Padre António Vieira, apesar de missionário, também nos deixou várias impressões sobre o amor. De facto, o amor sobre o qual escrevia era, maioritariamente, o amor ao próximo e a figuras religiosas (amor cristão) – porém, existem também passagens onde Padre Vieira descreve de forma quase exacta o amor humano.

Eça de Queirós, pelo contrário, adopta a corrente realista, onde retrata o Homem e a sociedade tal qual eles são. Acaba a idealização do amor, e descreve a paixão e o amor carnal e adúltero, criticando até o romantismo. O amor é visto objectivamente e serve, muitas vezes, como um ponto a mudar, na sociedade da época. Tal como o próprio amor, a mulher deixa de ser tratada como uma deusa inatingível, e passa a ser reconhecida como um ser humano normal, logo imperfeito.

Finalmente, a visão de Fernando Pessoa. Pessoa subdivide-se em vários heterónimos, porém a sua visão do amor nunca difere violentamente das dos autores antes referidos. Entre os seus heterónimos e ortónimo, existem duas visões principais: a do amor quase que apenas contemplativo (principalmente em Ricardo Reis) e o amor às coisas, à Natureza e, por vezes, à sociedade. Ocorre também a recusa do amor, com o refúgio na intelectualização das emoções, nomeadamente, em Fernando Pessoa, ortónimo.

A visão, representação e interpretação do amor na literatura varia de acordo com cada época, corrente literária e claro, autor. Não se encontra nenhuma linha condutora, e, por isso, existem quebras tão abruptas no tipo de representação do tema (como por exemplo, passagens abruptas do ultra-romantismo para o realismo). É um tema extremamente difícil de descrever e, por isso, tão variável.
 
Joana Pires
(aluna CCH - Ciências e Tecnologias)

«A Liberdade»


A liberdade é... relativa. Na sua forma mais simples, o seu conceito traduz-se na ausência total de limitações e obrigações. Toma diversas formas, podendo referir-se à política, passando pela liberdade de expressão, de escolha, até à individual, sendo esta é intemporalmente precisa. Porém, é curiosamente complexa, visto que tem, a todo o momento, a necessidade de ser gerida pelo simples facto de não sobreviver na sua completa ausência ou excesso.

É quase inacreditável o quanto que por ela já se lutou, desejou, e o muito que ainda falta ser conquistado. Negar a liberdade a um ser humano, fazê-lo subordinar-se a um outro, é recusar-lhe o mais natural dos direitos, é recusar a sua própria dignidade, vontades, felicidade.

Por outro lado, é quase impossível o seu estabelecimento na sua mais natural e ilimitada natureza. Essa situação traduzir-se-ia, mais uma vez, na subordinação dos mais fracos aos mais fortes, resultante das buscas cegas de poder, tão características do ser humano, sendo necessário, para tal não acontecer, o estabelecimento de leis, não para limitar a liberdade de cada um, mais sim para preservá-la.

Jean-Paul Sartre afirmava que “O homem está condenado a ser livre” e esta é, muito provavelmente, a posição mais positiva a adotar. Por muitas correntes que aprisionem o corpo, por muitas duras ordens que sejam invocadas, por mais chicotadas sentidas na pele, até a um “escravo” não se consegue roubar a liberdade, pois nada o pode fazer pensar algo que este não queira; ninguém poderá silenciar os seus pensamentos, ninguém poderá apagar os seus sonhos, ninguém poderá limitar a sua imaginação.

Todos seremos livres, enquanto viajarmos com alma.
Ana Maria Pereira
(aluna CCH - Línguas e Humanidades)
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