Manuel António Gomes (1868-1933), natural do concelho de Arcos de Valdevez, e com formação eclesiástica, foi cientista, professor de Física-Química, Ciências Naturais e de Religião, tendo ideias bastante avançadas para a época. Conhecido por Padre Himalaya, dedicou a sua vida ao eco-desenvolvimento. A sua biografia é fascinante e ao mesmo tempo desconcertante. Com uma grande fome de saber, debruça-se sobre os mais variados temas e é autor de inúmeras invenções. Defende ideias próprias contra os discursos da altura, o que o coloca muitas vezes em glória e, outras, ao abandono. Fascinante e ao mesmo tempo intrigante, praticava o associativismo e o cooperativismo, defendia a alimentação vegetariana e a medicina profiláctica centrada na naturopatia.
A sua invenção mais conhecida é o "Pirelióforo", que é uma máquina solar inovadora, de concentração de radiação solar. Montou o seu primeiro protótipo nos Pirenéus franceses, numa região isolada e, embora os resultados obtidos não tenham sido tão bons como o esperado segundo os registos da época, atingiram-se temperaturas da ordem dos 1.500ºC, capazes de fundir o ferro. Em 1904 ganha o grande prémio da Exposição de St. Louis, nos EUA. Com esta invenção melhorada, o poder calorífico é muito superior (3500ºC), sendo capaz de fundir rochas.
Pensa em utilizar a energia solar com inúmeros objectivos, de forma sustentável e gratuita para todo o planeta. Inventa explosivos e fertilizantes para a agricultura, o motor a gás, o turbo-motor, farinhas e rações para animais à base de crustáceos, e muitas outras, ainda que sem patente. O eco-desenvolvimento, as energias renováveis, e também a organização territorial, os sistemas de irrigação, de plantação de árvores, e diversos sistemas urbanos, eram as suas preocupações na altura, mas não as governamentais, mais viradas para uma economia de base petrolífera.
O pirelióforo
Hiperligações:
Vida e obra do Padre Himalaya (documentário - partes 1, 2, 3, 4 e 5)
Amarília Roleira
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