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A prova do eclipse

Albert Einstein (1879-1955) usava a imaginação, escrevia equações, voltava à realidade, via se eram necessários ajustes, e regressava à teoria. A sua predilecção intelectual era a física teórica.
Baseando-se na teoria da relatividade geral por si criada, Einstein explicou previamente as inexplicáveis variações no movimento orbital dos planetas e previu a inclinação da luz das estrelas na vizinhança de um corpo maciço, como o Sol. A confirmação deste último fenómeno foi realizada durante um eclipse em 1919, tendo-se tornado numa das observações científicas mais importantes da história da astronomia.
Na teoria da relatividade geral as interacções entre os corpos não são devidas às forças gravitacionais, como proposto por Newton (1643-1727), mas à influência desses mesmos corpos sobre a geometria do espaço-tempo (um espaço quadridimensional; abstracção matemática composta pelas três dimensões do espaço euclidiano mais o tempo como a quarta dimensão). Por outras palavras, a matéria (massa) distorce o espaço e o tempo nas suas proximidades. Como consequência dessa distorção, um feixe de luz ao passar próximo de uma grande massa deveria ser desviado por uma quantidade de arco superior à prevista pela teoria da gravitação formulada por Isaac Newton no século XVII.
Rapidamente foi reconhecida a importância da previsão de Einstein e analisada a possibilidade de verificá-la durante a ocorrência de um eclipse total do Sol (quando é possível ver estrelas que se encontram quase atrás deste astro). A questão colocada era a seguinte: no momento do eclipse, os feixes de luzes das estrelas seriam vistos deslocados de acordo com os cálculos de Einstein?
O eclipse de 29 de Maio de 1919 ofereceu as condições ideais para esta verificação, quando o Sol eclipsado ficaria, visto da Terra, bem próximo de estrelas relativamente brilhantes. Foram organizadas duas expedições pela Royal Astronomical Society para observação do fenómeno. Uma delas, chefiada pelo astrónomo Andrew Crommelin (1865-1939), foi realizada em Sobral (Ceará, Brasil) e, a outra, chefiada por Arthur Eddington (1882-1944) da Universidade de Cambridge, dirigiu-se para a Ilha do Príncipe (Arquipélago de São Tomé e Príncipe), localizada na costa atlântica de África, nas proximidades da Guiné Equatorial. Estes eram os locais apontados pelos cálculos astronómicos como sendo aqueles que apresentariam as melhores condições para a observação do fenómeno.
Na Ilha do Príncipe, o mau tempo prejudicou todo o trabalho de observação e, no momento do eclipse, não foi possível obter fotografias que mostrassem sequer as estrelas. Em Sobral as condições meteorológicas foram muito melhores, tendo sido tiradas sete fotografias que mostravam imagens nítidas do fenómeno procurado. Em Novembro desse mesmo ano, a Royal Astronomical Society anunciou que os resultados obtidos confirmavam a teoria de Einstein.


Local onde foram efectuadas as observações em Sobral.


Fotografia do eclipse de 1919, obtida em Sobral. As linhas verdes verticais na metade inferior direita da fotografia marcam as posições das estrelas usadas na verificação da Teoria Geral da Relatividade .

Hiperligações:

Eclipses (solares e lunares)
Museu do Eclipse (vídeo)
Einstein's Big Idea
Royal Astronomical Society
Einstein e o eclipse de 1919

Rosa Espada

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