A visão platónica do amor, apresentada por Camões, está ligada à ideia do Amor como um ideal superior e perfeito e apenas baseado na contemplação, que todos os Homens tentam alcançar mas, sendo imperfeitos, não conseguem. Leva então à resignação, tendo o Homem de se servir apenas do amor físico, o que leva à dor, à angústia e à tristeza. Por outro lado, a mulher é o objecto do amor – apesar de ser outro ser imperfeito, torna-se o reflexo da beleza perfeita, e ideal aos olhos do amado.
Padre António Vieira, apesar de missionário, também nos deixou várias impressões sobre o amor. De facto, o amor sobre o qual escrevia era, maioritariamente, o amor ao próximo e a figuras religiosas (amor cristão) – porém, existem também passagens onde Padre Vieira descreve de forma quase exacta o amor humano.
Eça de Queirós, pelo contrário, adopta a corrente realista, onde retrata o Homem e a sociedade tal qual eles são. Acaba a idealização do amor, e descreve a paixão e o amor carnal e adúltero, criticando até o romantismo. O amor é visto objectivamente e serve, muitas vezes, como um ponto a mudar, na sociedade da época. Tal como o próprio amor, a mulher deixa de ser tratada como uma deusa inatingível, e passa a ser reconhecida como um ser humano normal, logo imperfeito.
Finalmente, a visão de Fernando Pessoa. Pessoa subdivide-se em vários heterónimos, porém a sua visão do amor nunca difere violentamente das dos autores antes referidos. Entre os seus heterónimos e ortónimo, existem duas visões principais: a do amor quase que apenas contemplativo (principalmente em Ricardo Reis) e o amor às coisas, à Natureza e, por vezes, à sociedade. Ocorre também a recusa do amor, com o refúgio na intelectualização das emoções, nomeadamente, em Fernando Pessoa, ortónimo.
A visão, representação e interpretação do amor na literatura varia de acordo com cada época, corrente literária e claro, autor. Não se encontra nenhuma linha condutora, e, por isso, existem quebras tão abruptas no tipo de representação do tema (como por exemplo, passagens abruptas do ultra-romantismo para o realismo). É um tema extremamente difícil de descrever e, por isso, tão variável.
Joana Pires
(aluna CCH - Ciências e Tecnologias)
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