O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

«Santa Joana dos Matadouros» de Brecht/Sobel no Teatro Municipal de Almada


Em 2008, Bernard Sobel criou com os actores finalistas do Conservatório Nacional Superior de Arte Dramática de França e com a participação do Jeune Théàtre National, uma nova encenação de Santa Joana dos Matadouros, de Brecht. O projecto que apresentámos a Bernard Sobel – um director bilingue que introduziu em França a dramaturgia alemã - foi o de desenvolver o mesmo projecto com os finalistas portugueses do Curso de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema. O convite foi recebido com entusiasmo pelo Director do Departamento de Teatro da ESTC, o dramaturgo e encenador Carlos J. Pessoa. Em função do acordo estabelecido, os jovens actores da ESTC poderão fazer este ano o seu estágio de dois meses com um dos grandes nomes do teatro mundial e a sua equipa artística e técnica, e beneficiar, de condições de criação artística e qualidade que o TMA lhes oferece. No projecto participam ainda finalistas dos cursos de Design de Cena e Produção, e no elenco integram-se também alunos finalistas da ACT – Escola de Actores. [...]

Santa Joana dos Matadouros é uma peça de Brecht escrita em 1930. Para Bernard Sobel não foi a crise económica e  social da Alemanha naquela época que justifica a obra. “Creio que o texto é antes uma reflexão mais geral sobre a Humanidade e sobre a organização que regula as relações entre os humanos, ontem como hoje. Hoje, em França (2008), vivemos sempre com o receio quotidiano da própria ideia de revolução, se bem que sejamos os descendentes de uma Revolução, a de 1789. Em 1930 Brecht trabalhou com Walter Benjamin com o  desejo de interrogar-se sobre a questão da violência na História. Eles consideravam que a vida é violência. A Revolução é, assim, o estado normal das coisas, uma vez que não há vida sem violência. Santa Joana dos Matadouros é uma peça actual porque a violência é o nosso próprio
quotidiano, mesmo quando o tentamos negar, e fingimos acreditar que o progresso da Humanidade se dirige para um tipo de paz fictícia e factual  que regularia as relações humanas. Ora a violência é permanente porque se mantém em permanência a castração das nossas pulsões.”

Fonte:

José Fernando Vasco


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