O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

«Blindness» de Fernando Meirelles/José Saramago, segundo Rodica

O filme Blindness, baseado no livro “Ensaio sobre a Cegueira” tem a mais profunda, a maior carga psicológica que eu vi nos últimos anos. O autor do livro faz-nos pensar sobre a realidade crua desta vida, sobre a nossa ignorância e indiferença por tudo o que está à nossa volta. Os homens cegos do filme são os homens da nossa vida real, que não vêem nada do que se passa ao redor deles e que se encontra numa contínua luta social pela comida, por um abrigo ou por uma posição na sociedade.
O autor desenvolveu este assunto (ideia) até ao final da história, até ao momento em que os heróis perceberam a importância da amizade, da ajuda recíproca, da confiança. A técnica de filmagem é impressionante, correspondeu totalmente aos sentimentos das personagens e deu uma conotação especial a este filme.
A minha personagem preferida é, com certeza, a protagonista, a mulher que não era cega mas decidiu a ficar ao lado do marido, dos outros cegos para os ajudar, para os guiar, sentir tudo o que eles sentem, passar por tudo o que eles passam. Ela demonstrou uma vontade de ferro, um carácter muito forte naqueles momentos difíceis e lutou até ao final para salvar, ajudar todos os que estavam com ela, não só o marido. Afinal ela conseguiu ter uma família feliz, unida, baseada na confiança, amor e entreajuda.
O momento mais impressionante do filme, para mim, foi a chuva. Ela tem aí a carga especial de purificar as personagens, fazê-las aceitar a realidade assim como ela é, ficar felizes mesmo sabendo que nunca vão ver. A cegueira no filme teve como resultado o despertar do sentido da alma humana.
Uma outra imagem que me pareceu importante foi a visão que a protagonista teve quando entrou na igreja: todos os santos com os olhos vendados. No filme tem o significado que mesmo os santos são cegos e não vêem o sofrimento dos homens, a degradação deles e não os podem ajudar.
Assim, num intervalo de duas horas, o autor representou o drama da degradação humana, o retorno ao início da evolução do homem, ao tempo em que a vida era conduzida pelos instintos básicos: de comer, a luta por um abrigo e os instintos sexuais. Felizmente, pelas nossas personagens, o juízo ganhou, o intelecto foi mais forte ajudando-os a ultrapassar todas as dificuldades resultantes da perda da vista, adaptar-se às novas condições e começar uma nova vida.
Mas, a esperança é a última que morre, e mesmo resignados com a cegueira, eles sempre ficarão à espera das palavras ditas com a voz tremida de emoção: “Eu consigo ver!!!”

Rodica
(Formanda da Moldávia)

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