O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

Padre António Vieira - 11 abordagens por alunos do 11º ano

No seguimento de «Escritor do Mês - Padre António Vieira», publicam-se onze textos elaborados por alunos dos Cursos CH de Ciências e Tecnologias e Línguas e Humanidades do 11º ano.
A selecção dos textos esteve a cargo das professoras Adelaide Coelho e Ana Paula Cardoso.
A todos os alunos, muito obrigado pela colaboração.
O vosso contributo torna o blogue BECRE mais rico.

José Fernando Vasco

Textos:
«Padre António Vieira», por Joana Pires
«O Padre António Vieira na Actualidade», por João Cachatra
«Padre António Vieira, imperador da língua portuguesa», por Vânia de Almeida
«Padre António Vieira», por Doina Popa
«Reflexão sobre o impacto que o Padre António Vieira tem na actualidade», por Francisco Abreu
«Padre António Vieira e o Sermão de Santo António aos peixes...400 anos depois», por Ana Marta Tavares
«Para falar ao vento bastam quatro palavras; para falar ao coração são necessárias obras», por Ana Filipa Reis
«Padre António Vieira (1608/1697)», por Ana Maria Pereira
«Padre António Vieira», por Ana Sofia Martins
«Padre António Vieira – Uma reflexão sobre a sua acção», por João André Silva
«Personalidade de Padre António Vieira», por Matilde da Sela



«Padre António Vieira»Talvez o mais reconhecido e notável orador religioso português, António Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, e faleceu na Baía em 1697. Aos seis anos vai para o Brasil com os pais, fixa-se na Baía onde inicia o noviciado na Companhia de Jesus, em 1623, mas não fica por aí; durante toda a sua vida, passa por locais tão distintos como Amesterdão, Maranhão, Suécia e Roma, lugares onde estabeleceu ligações com personagens importantes como o papa Clemente X e a Rainha Cristina da Suécia. Foi um jesuíta, pregador, missionário e diplomata e tornou-se uma das personagens mais fascinantes da História Portuguesa, talvez por, apesar do carácter religioso da sua vocação, ter, ao longo da sua vida, procurado sempre estar a par dos principais eventos, não só religiosos mas também políticos, militares, e socioeconómicos do seu tempo.
Lutou sempre por causas que iam contra a ideia da época. Apesar do seu pensamento ‘chocar’ com os principais dogmas da própria Inquisição, determinou-se a denunciar os problemas sociais das missões, a defender também judeus e a abolição da escravatura, criticar as injustiças e a corrupção e proteger os índios dos colonizadores, demonstrando a coragem e moral e a capacidade de arriscar a própria vida e reputação na defesa dos direitos dos desprotegidos. Todos estes actos corajosos (porém ofensivos à Igreja) valeram-lhe desde expulsões a penas de prisão.
Para além do testemunho que nos deu em vida, deixou uma obra literária incrível, da qual se destacam o Sermão da Sexagésima e Sermão de Santo António aos Peixes, que o coloca no mesmo patamar dos mais importantes homens daquele tempo. Os seus textos ganharam fama devido à sua riqueza e aos efeitos persuasivos, ao seu raciocínio, ao tom determinado, e ainda à subtil ironia. Junta-se a naturalidade com que passava de uma linguagem mais elaborada a uma mais coloquial, quase em tom de conversa, e a forma como passava da escrita ao discurso, igualmente incrível.
Joana Pires
(CCH - Ciências e Tecnologias)


«O Padre António Vieira na Actualidade»
António Vieira nasceu em Lisboa, a 6 de fevereiro de 1608 e morreu em Bahia a 18 de Julho de 1697. Foi um religioso, escritor e orador português da Companhia de Jesus, ou seja , era jesuíta.
Foi uma das mais influentes personagens do século XVII, destacou-se como missionário e nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos humanos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização.
Aclamado como o “Imperador da língua portuguesa”, por Fernando Pessoa, António Vieira escreveu 53 obras, destacando-se entre elas o Sermão de Padre António aos Peixes.
A crítica de Padre António Vieira, presente nos sermões, continua a ser actual, quatro séculos depois da sua morte, mostrando que os problemas, os males do mundo de outrora continuam a existir no mundo de hoje, e mostrando também que Padre Vieira foi um homem muito à frente do seu tempo. Ele demonstrou uma grande capacidade de análise e crítica aos vícios humanos.
Já ele dizia: “Os grandes comem os mais pequenos…”, ou seja, os mais pobres, os mais fracos são sempre enganados, explorados pelos mais fortes, os mais ricos. Este tema era tão actual naquela altura como é hoje. Ou então: “ (…) ainda não está sentenciado, já está comido”, ou seja, ainda não foi considerado culpado ou inocente e já foi tratado como um criminoso. Quantas vezes não se vê os media a tratarem pessoas como criminosas, a julgá-las sem provas.
Se hoje comparássemos as notícias de um jornal com um dos seus sermões, sem dúvida encontraríamos várias semelhanças.
O Padre Vieira foi um homem de grande visão, eloquência e coragem (ele denunciou situações de escravização, indo contra os interesses de nobres e colonos), as suas obras são ainda hoje universais e a sua leitura é indispensável.
João Cachatra
(CCH - Ciências e Tecnologias)


«Padre António Vieira, imperador da língua portuguesa»

«Ninguém mais que António Vieira parecia predestinado [...]
para ser o laço entre os dois mundos, o da Europa meio perdida e o Brasil.»
Eduardo Lourenço, ensaísta

Nesta frase encontramos o porquê de António Vieira, o maior orador religioso português, nascido em 1608 em Lisboa, ser ainda tão bem falado: o seu objectivo ainda se aplica aos dias de hoje. No século XVII o Padre queria lutar a favor dos índios do Maranhão e contra os colonos, queria defendê-los de serem escravizados tal como queria alertar a sociedade corrupta que fingia restringir-se aos padrões religiosos, mas que, na verdade, ignorava a doutrina.
Na minha opinião, era, sem dúvida, um visionário, pois todos os assuntos que vigorosamente abordava, num estilo barroco para além do extraordinário, contemplam assuntos perfeitamente ajustáveis aos dias de hoje. Se pensarmos um pouco, conseguimos facilmente encontrar semelhanças entre as injustiças sociais de hoje em dia com a injustiça e discriminação a que o povo do Maranhão era submetido, tal como podemos pensar na sociedade que ainda se encontra “por salgar”. Provavelmente, nada disso irá mudar, a sociedade estará sempre desta forma, as injustiças serão sempre cometidas e o discurso de António Vieira será sempre absorvido por todos nós sem nunca ser mudada uma única vírgula e mantendo-se, ainda assim tão actual.
Outro exemplo do que me fascina no estilo de escrita de António Vieira é a sua capacidade para defender um assunto sem nunca se tornar demasiado abrupto, sem nunca nos impor uma ideia, apenas tentado demonstrar o quão proveitoso seria para os seus ouvintes aderir à ideia que nos apresenta.
O facto de não conhecer limites no que diz respeito ao jogo de palavras com que nos presenteia em pleno séc.XXI e o uso tão inteligente de metáforas, demonstrando claramente um poder persuasivo excepcional, e o facto inegável de ser dono de um discurso lógico-argumentativo para além do dito “normal”, faz realmente com que nos sintamos verdadeiros sortudos por este Homem ser português e nos ter presenteado com obras riquíssimas.
São estas as razões que, na minha opinião, fazem com que ainda se estude a obra de António Vieria, e sendo estas razões tão vastas e pesadas não as devemos ignorar, devemos absorver todo o seu discurso e deixar que os ensinamentos do Padre nos ajudem a “salgar” de novo esta Terra “que não se deixa salgar”.

Vânia de Almeida
(CCH - Ciências e Tecnologias)


«Padre António Vieira»
A 6 de Fevereiro de 1608, nasce em Lisboa um dos Homens mais notáveis de Portugal, um dos maiores mestres da sua língua e um dos primeiros pregadores do seu tempo.
Padre António Vieira, autor da obra Sermão de Santo António aos Peixes, conseguiu que o seu génio fosse perpetuado, continuando a ser admirado o seu talento de jogar com as palavras.
Teve uma vida abalada desde jovem, quando decidiu seguir o caminho da fé, contrariando a vontade dos pais. Contudo, foi a sua entrada num colégio Jesuíta que lhe deu oportunidade de revelar o seu intelecto e desenvolver as suas capacidades. O seu talento discursivo e de argumentação, foram as bases para a construção da sua obra literária mais célebre. Utilizando metáforas, comparações, antíteses e enumerações, encantou e continua a encantar os amantes da leitura da Língua Portuguesa.
No entanto, a característica pessoal que mais influencia o sucesso da obra é a sua persistência, a sua capacidade de crer e lutar pela sua crença. Os seus sermões tinham sempre algum carácter socio-político e Padre António Vieira era um grande crítico da sua sociedade, opunha-se à expulsão dos Judeus, às diferenças sociais e económicas e principalmente criticava a falta de fé dos Homens. É por isto que o autor dirige o sermão aos peixes, por já não considerar as pessoas capazes de ser levadas à razão, por tão cegas que estão pelo poder e riqueza.
A sua obra continua bastante actual e os seus princípios de alguma maneira também. A época pode ser outra, mas a matéria criticada continua a ser a mesma: os males da sociedade, os que falam demais sem agir, os que vivem à custa dos outros, os traidores... O facto de Padre António Vieira ter sido um pouco “um Homem à frente do seu tempo” é um dos principais factores para a actualidade da sua obra. Era uma pessoa que acreditava na liberdade, na igualdade... e estes são princípios em que se apoiam por exemplo os Direitos Humanos, que foram declarados muito depois da sua morte.
Conhecer o autor, faz com que a leitura da sua obra tenha muito mais valor e interesse, pois sabemos porque surgiram estes pensamentos e é interessante vê-los transpostos para o papel com tanto talento. Saber que isto não são apenas palavras, mais um comentário... mas que quem as proferiu realmente acreditava nelas e agia da melhor forma possível para não as contrariar, leva-nos a interpretar a obra de uma forma mais apaixonada e com admiração pelo pensamento, talento e pelas acções do seu autor.

Doina Popa
(CCH - Ciências e Tecnologias)


«Reflexão sobre o impacto que o Padre António Vieira tem na actualidade»
Uma questão que todos colocamos é por que razão é António Vieira, ainda nos dias de hoje, muito homenageado pela sua obra, não só em Portugal como no Brasil e em outros países europeus como França e Itália.
Na verdade, não foi apenas a sua obra Sermão de Santo António aos Peixes que cativou os ouvidos de muitos europeus e brasileiros. Os seus sermões nas igrejas eram muito conhecidos, muita gente reservava lugar de véspera para os poder ouvir.
Já dizia o poeta Fernando Pessoa “António Vieira foi o imperador da Língua Portuguesa”, pois apesar de ele ter existido há mais de trezentos anos, os seus discursos são uma lição de como é feita uma boa argumentação. Nestes trezentos anos que nos separam da sua existência, os problemas da sociedade também não variaram: crises económicas, corrupção, etc. Por esta razão é legítimo que a sua homenagem seja feita ainda na actualidade.
Em pleno século XXI, vejo nos seus textos argumentativos a vontade de pregar a verdadeira doutrina, independentemente de quem a queira ouvir. Este gesto demonstra que não interessa a época em que vivemos, mas sim a vontade de acreditar em algo. Neste caso, ele demonstrava-o, no púlpito, com um discurso apelativo, utilizando as palavras correctas, para que quem o ouvisse, aceitasse a sua doutrina.
O modo como viveu a sua vida, indo muito cedo para o Brasil, tendo mais tarde viajado pela Europa, mostra também o seu carácter de uma pessoa lutadora, que acreditava veemente na sua doutrina.
Concluindo, penso que o facto de Padre António Vieira ser recordado actualmente é perfeitamente natural, tendo em conta o que ele representou na época e na História da Língua Portuguesa.
Francisco Abreu
(CCH - Ciências e Tecnologias)

«Padre António Vieira e o Sermão de Santo António aos peixes...400 anos depois»
António Vieira nasce em Lisboa em 1608, vive no Brasil e parte para outros lugares do mundo onde exerce a sua função de pregador.
Em 1654 escreve a obra Sermão de Santo António aos peixes, como forma de, alegoricamente, pregar aos homens, em especial ao público do Maranhão.
Neste Sermão, Padre António Vieira revela o seu talento de pregador. Revela-se um verdadeiro lutador pelos direitos humanos, através da sua força e coragem na denúncia das injustiças. No Sermão de Santo António aos peixes há, para além da enunciação das virtudes dos homens, uma denúncia dos seus defeitos.
Ao longo da sua vida, António Vieira lutou, com a força da palavra, para defender os escravos índios do Brasil, e para conseguir novas leis que lhes fossem favoráveis. No entanto, os seus discursos humanísticos tornaram-se polémicos e é preso pela inquisição, que considerava as suas ideias demasiado heréticas.
É realmente notável a forma como, pacífica mas, persistentemente, António Vieira procurava defender os índios, denunciando os erros e injustiças humanos. Esta é uma lição que hoje podemos e devemos tirar deste mestre. Agir em conformidade com aquilo em que acreditamos. Não desistir, lutar até ao fim, nunca adoptar uma atitude passiva e dogmática em relação ao que se passa à nossa volta, ao nosso lado, neste nosso mundo.
Existe apenas algo no Sermão com que discordo de António Vieira - quando este menciona, enaltecendo, o facto de S. António se ter afastado dos homens ao ser rejeitado por alguns. Sou da opinião que, mesmo que sejamos afastados por alguns, nos devemos unir a outros, e fazer com que aqueles que nos afastaram sejam iluminados pela luz da razão e do bom senso.
Mas, de facto, à medida que estudamos este Sermão, verificamos que ele continua a ter uma surpreendente e assustadora actualidade, quando descobrimos que afinal ainda existem homens como ele descreve, homens iguais aos de há 400 anos atrás. Afinal, a natureza humana mudou tão pouco...
E é por esta razão que António Vieira e a sua obra continuam tão actuais.
Ana Marta Tavares
(CCH - Ciências e Tecnologias)


«Para falar ao vento bastam quatro palavras; para falar ao coração são necessárias obras.»
E foi exactamente assim que António Vieira falou ao coração de todo o mundo, através da sua magnífica e reconhecida obra. Mostrou-nos através de uma simples obra, o poder destas mesmas palavras, e o impacto que elas podem vir a ter quando são bem pensadas, estruturadas e quando transmitem tudo aquilo que pretendemos difundir e demonstrar com elas.
E foi exactamente por isso, para chegar até aos nossos corações cegos e difíceis, que, muitas vezes, não querem simplesmente ver, que António Vieira redigiu este Sermão. Uma chamada de atenção, um aviso, um conselho. Conselho esse que, por vezes, só tomamos como certo, depois de o erro ser cometido. Mas mesmo assim, Vieira decidiu escrevê-lo.
Depois de 400 anos, continua a ser evocado e enaltecido pela sua mensagem, daí podermos concluir, desde logo, o enormíssimo impacto que Vieira teve ao longo dos tempos, saltando de geração em geração. E é com muito gosto e orgulho que recebo a sua mensagem, ao fim destes anos todos, de todas as gerações passadas.
É com muito espanto meu, que ao analisar a sua obra Sermão de Santo António aos Peixes, me deparo com uma mentalidade tão actual, que se adapta à realidade de hoje. Daí que os seus pensamentos e ideais tivessem sido tão reprovados, pois a sociedade de outrora não estava ainda “aberta” para tais situações, e, hoje em dia, parece que a situação continua semelhante. Assim, poderemos considerar que os seus ideais eram bastante futuristas, o que provavelmente levou à sua refutação. Mas é isso que torna esta ilustre personagem tão especial - os seus pensamentos, o seu poder de escrita e oralidade, o seu poder de mover montanhas, a sua persistência.
António Vieira não foi apenas um escritor, orador, ou apenas um jesuíta que tentava difundir a sua fé. Vieira, antes de ser qualquer um desses anunciados cargos, era um Homem humilde, virtude que, hoje em dia, se encontra em vias de extinção, o que contribuiu também para a sua singularidade. A sua arte do saber, talvez resultado de todas as experiências que vivenciou ao longo da sua atribulada vida e que o estruturaram e fizeram dele um Homem capaz de se revelar um enorme Herói (pela sua audácia e forma de encarar a dura realidade).
Capaz de expressar, amar e ensinar. Corrigir, incentivar e melhorar. Muitas das vezes era incompreendido, e sentia-se frustrado. E, por isso mesmo, não dando o braço a torcer, tenta novamente encontrar solução para o seu problema. Aponta o dedo sem apontar, reprime sem gritar. Apenas usa o seu dom e engenho para o fazer, de uma forma simples, clara e esclarecedora, como fizera o seu homónimo Santo António.
Usando o dom da palavra, António Viera dirige-se aos peixes, com o intuito de chegar aos Homens. E dirige-se aos peixes devido ao seu enorme simbolismo. Os peixes são símbolos redentores, e de seres que devem ser redimidos. Também podemos analisar na Astrologia o símbolo de Peixes é caracterizado por dois peixes em sentidos contrários, que representam o bem e o mal, daí o sermão de António Vieira estar divido em duas partes, uma que pretende louvá-los e outra que tem como função repreendê-los.
Continuando a analisar a simbologia dos peixes, temos também uma alínea que nos mostra que os peixes são a revelação da profunda sabedoria, por esse mesmo facto Viera se lhes dirige, pois só um ser dotado de uma enorme sabedoria, seria capaz de reflectir sobre temas tão profundos e delicados.
Este é apenas mais um facto que me leva a enaltecer a figura ilustre que foi Padre António Vieira. Pela capacidade de chegar até ao ser humano e de lhe indicar o caminho certo. A sátira que compõe retrata o perfil que o Homem hoje em dia possui, e com esta tenta mudar o seu comportamento e por sua vez o seu pensamento através de um “sermão”.
Na nossa sociedade deveriam existir mais “Antónios Vieira”, pois, assim, esta tornar-se-ia mais justa e humilde capaz de gerar paz e amor para todos, sem qualquer discriminação.
Ana Filipa Reis
(CCH - Ciências e Tecnologias)
«Padre António Vieira (1608/1697)»
Padre António Vieira, escritor e pregador nascido em Lisboa no ano de 1608 e falecido com a idade avançada de 89 anos, foi uma figura marcante na defesa dos direitos humanos, em pleno século XVII.
No começo da sua carreira em Lisboa, Padre António Vieira rapidamente se torna conhecido e reconhecido, sendo venerado pelas multidões, que acorriam para o ouvir.
Sendo visto como um “Imperador da Língua Portuguesa”, detém uma grande inspiração em Santo António, renovando certos ideais defendidos pelo último.
Claramente pré-destinado para a sua função como diplomata, é conhecido por “Pai Grande” pelos nativos devido ao apoio prestado na defesa dos seus direitos, ao seu grande coração, sendo também um grande defensor dos que ofendiam a integridade de qualquer indivíduo através de actos de crueldade, escravatura, etc.
Ao saber lidar e discursar para qualquer tipo e género de público, adaptava-se e sentia-se à vontade em qualquer meio onde o fazia. Porém, com a sua personalidade polémica, agitadora e, por assim dizer, sedutora, e com a coragem e força demonstradas na denúncia das injustiças, dividia opiniões: despertava tanto grandes paixões como enormes ódios.
Movido pelos desígnios da Igreja, Padre António Vieira, um incrível cavaleiro da fé, detinha um enorme espírito de missão na sua ligação a causas, empenhando-se a estas, de corpo e alma, com o maior dos interesses e vivacidades.
Porém, apesar de se demonstrar um génio, e, em toda a sua figura, único, foi perseguido pela inquisição ao longo da sua vida, incompreendido pela sua inteligência individual e visionária.
Considero curioso o facto de, apesar de Vieira ser talvez o pioneiro na defesa dos direitos humanos em pleno século XVII, travar uma enorme luta com o sentido de protecção dos Índios e dos Judeus e não o fazer relativamente aos escravos negros de África.
Faleceu em 1697, morrendo também com ele o seu sonho de um Reino de Cristo, o tão sonhado 5º Império.

Ana Maria Pereira
(CCH - Línguas e Humanidades)

«Padre António Vieira»
Figura de grande relevância, Padre António Vieira, nascido em Lisboa no ano de 1606, foi um importante defensor dos indígenas brasileiros. Padre, diplomata, escritor e político, sempre se destacou pela defesa afincada das suas ideias e causas. Reconhecido como um grande orador, as suas pregações faziam com que Lisboa inteira parasse para o ouvir. Tem como expoente máximo dos seus discursos e obras o “Sermão de Santo António aos Peixes”, inspirado num episódio bíblico em que Santo António troca o seu público de hereges pelos peixes, pois os hereges não o escutavam e os peixes, sem entenderem, percebiam mais que os homens. O padre vai desenvolver uma grave e consistente crítica aos pregadores e à forma como cumprem ou não as suas funções. A forma indirecta, mas objectiva, como expôs as suas ideias, tornam esta obra, ainda, actual nos nossos dias.
Na minha opinião, António Vieira foi um homem muito ‘à frente’ do seu tempo. Numa época em que o povo indígena era visto pelos europeus apenas como uma ferramenta de trabalho, Vieira conseguiu ver para além das ideias dos colonos, e mostrar o seu humanismo percebendo os índios como seres humanos, iguais a tantos outros, e dignos do mesmo respeito pelos outros povos.
Uma das características que mais admiro na sua pessoa é a sua determinação e coragem em assumir e definir bem o que quer e pensa, característica que mostrou muito novo quando contrariou os seus pais para se juntar à Companhia de Jesus. Nunca se retraiu de dizer o que pensava e, mais importante, nunca o deixou de lutar por recear as consequências que isso lhe poderia trazer, tendo mesmo sido perseguido pela Inquisição.
António Vieira foi sem dúvida um homem marcante na sua geração pelas ideias que defendia e pela forma determinada e fundamentada como o fazia. Homem capaz de mover multidões foi uma figura importante para a história de Portugal e do Mundo.
Ana Sofia Martins
(CCH - Línguas e Humanidades)

«Padre António Vieira – uma reflexão sobre a sua acção»
O génio de Vieira muito cedo se revelou. Aos quinze anos, a sua entrada no Colégio dos Jesuítas (5 de Maio de 1623) era apenas o começo daquela que seria uma longa e difícil, mas em certos aspectos vitoriosa, vida ligada à pregação do evangelho. De viva imaginação, vasta inteligência e inegável vocação para as letras, Vieira é encarregado pelos Jesuítas de, aos dezoito anos, começar a escrever homilias.
A sua chegada ao Brasil com apenas seis anos marcou-o tal como uma experiência radical marca uma criança: ainda de tenra idade, a observação da injustiça praticada pelos colonos portugueses sobre os nativos e escravos colocou nele a semente da revolta contra os ideais daquela época. Vieira pode ser descrito como alguém demasiado evoluído para a sua época, com pensamentos incompreensíveis para as mentes retrógradas do seu tempo. Como a semente que é plantada na terra e depois de regada cresce, assim aconteceu com Vieira. A sua entrada para o Colégio Jesuíta e toda a comunhão que teve com a palavra de Deus, assim como a sua convivência com as realidades da vida dos nativos, foram a água que fez despoletar a semente no interior de Vieira: ávido de acção e sedento de querer levar os seus ideais baseados na palavra de Deus a todos os campos, o génio de Viera não se ficou apenas pela construção de sermões e pregações mas voltou-se também para a face política. Neste contexto, ele exerceu por vezes grande influência nos pensamentos dos monarcas do seu tempo, fazendo chegar a sua mentalidade e percepção das coisas a todas as classes sociais. Quer fossem importantes, quer pertencessem à base da sociedade, houve gente contemporânea de Vieira que aceitou a sua doutrina mas também houve aqueles que com ódio a repudiavam. Embora tenha vivido na Europa, o lugar onde Vieira tinha o seu chamamento era na América do Sul. Permaneceu na Europa durante alguns anos onde foi encarregado pelos reis portugueses (D. João IV e D. Afonso VI) de acções diplomáticas, pregou às populações e foi perseguido por aqueles que não olhavam aos valores essenciais da vida humana. Embora confessando a mesma fé, muitos perseguiram-no tentando limitar a moralização que chocava com os interesses estabelecidos. Vieira volta então à América do Sul, deixando na Europa quer amigos quer inimigos. Estes, com mais influência que os primeiros, não vão conseguir apagar a missão que cultivava desde jovem. Vieira vai, então, até ao final da sua vida construir e elaborar sermões e pregações com o intuito de mudar a visão das gentes do seu tempo. Acaba os seus dias com um sonho: o do Quinto Império Português. Este continha a sua verdadeira essência: não sonhava com um império de territórios e riqueza opulenta portuguesa mas sim em querer ver Portugal como líder na defesa dos Direitos do Homem, como líder de uma revolta das mentalidades, como líder na harmonia perfeita entre os homens independentemente da sua origem ou tonalidade de pele. Vieira vê o seu país, que poucas vezes o apoiou e que muitas vezes o rejeitou, num futuro liderado pela verdadeira essência da palavra de Deus e onde os homens viveriam em paz entre si. Morre com um sonho que em tudo era passível de ser realizado mas que a corrupção do Homem não permitiu. Depois de lermos as principais ideias que um missionário jesuíta tentou cultivar na sociedade do seu tempo, sociedade essa despojada de iniciativa ou de liberdade dado que ainda vigoravam regimes assentes na escravatura de povos colonizados, impõe-se uma pergunta: passados tantos séculos entre a existência daquele homem e os dias de hoje, a sociedade portuguesa estará preparada para enfrentar os desafios de um Mundo liderado por uma ideologia cada vez mais capitalista? Se analisarmos os momentos mais fulcrais da nossa História, chegamos à conclusão que não obstante os ensinamentos de Vieira, Portugal ainda não é o Quinto Império – continuamos com muitas diferenças sociais, culturais e económicas que aumentam o “fosso” entre classes, não conseguimos incutir uma verdadeira revolução de mentalidades (mesmo tendo tido várias décadas de liderança despótica) e lutamos, neste momento, contra uma potência industrial, a China, que assenta em graves ataques contra os Direitos Humanos, Ambientais e Laborais. Deste modo, pode afirmar-se que apesar das tentativas de moralização que o padre António Vieira produziu, são raras as que se aplicam nas sociedades de hoje o que faz do Quinto Império, em última análise, uma utopia.
João André Silva
(CCH - Línguas e Humanidades)

«Personalidade de Padre António Vieira»
Na minha opinião, Padre António Vieira tinha uma mentalidade que não cabia no imaginário dos homens do século XVII, facto este que o fez ser adorado e odiado por muitos.
Já em adolescente Vieira era dotado de uma grande força e devoção para com a palavra de Cristo, foram estas características que o levaram a fugir de casa e a pedir refúgio num convento Jesuíta aos quinze anos.
Passados apenas quatro anos, António Vieira tornara-se professor, o que demonstrara a sua devoção pela fé mas, essencialmente, por ensinar aos outros homens a alegria de adorar a palavra de Jesus. Esta sua vontade de dar a conhecer a fé de Cristo tornou-o responsável pela evangelização de muitos Índios.
Muitos dos pregadores não eram puros nas suas palavras, pois os seus interesses iam para além da fé. Vieira nunca foi assim, sempre denunciou as injustiças e a desigualdade, defendia até que “os Índios deviam ser tratados com mais humanidade”. Foi esta motivação pela justiça que o tornou adorado e louvado pelos aborígenes, entre eles, António era conhecido como o “Pai Grande”.
Padre António Vieira era um homem de muitos encantos, era especialmente dotado para a retórica, para a diplomacia e para a economia. Foi devido a estes interesses que foi convidado para ser conselheiro do Rei. Abandonou o Brasil e a pregação e dedicou-se às causas do país, em Lisboa junto ao Rei.
O facto de dizer o que pensava, algo imperdoável na época, levou-o à sua prisão por parte da Inquisição. O seu destino parecia traçado, iria arder em hasta pública, mas a adoração de muitos fiéis salvou-o deste terrível fim.
Como consequência dos seus “crimes” foi proibido de voltar ao Brasil. Com esta proibição, Padre António Vieira, abandona o país e refugia-se em Roma, local onde foi respeitado e venerado pelos fiéis.
Finalmente, aos setenta e três anos fica livre da Inquisição e volta para o seu adorado Brasil, instalando-se na Baía, onde posteriormente escreveu a sua última carta, poucos dias antes de morrer, em que mostrava toda a sua desilusão e angústia.
Matilde da Sela
(CCH - Línguas e Humanidades)

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1 comentário:

Cristina Oliveira disse...

Estes artigos são a prova viva de que continua a valer a pena ser professor e acreditar no futuro dos nossos alunos.
Congratulo alunos e respectivas professoras pelo trabalho desenvolvido.

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