O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

Conferência «Em causa: aprender a aprender»


A expressão “aprender a aprender” tem aparecido cada vez mais no discurso pedagógico, por vezes querendo expressar “aptidão para o pensamento crítico” e “aptidões metacognitivas”, outras vezes transmitindo a ideia de que os conteúdos de aprendizagem não são tão relevantes como o próprio processo de aprendizagem e, até mesmo, expressando manifesta antipatia pela excessiva transmissão de conteúdos. As expressões usadas em cursos de educação podem aparecer tão emaranhadas umas nas outras que, quem é seduzido pela expressão “aprender a aprender”, parte do pressuposto errado de que se pode separar o conhecimento factual da atitude para o adquirir.
Ora, o avanço das ciências da educação e da psicologia experimental têm lançado luz sobre as questões das atitudes e dos conteúdos. Em particular, reconhece-se hoje que a memória se pode e deve treinar, mas isso só pode ser feito se houver algo que se memorize. Era exagero o ensino básico tradicional baseado na mera memorização de nomes de reis e de rios. Mas é maior exagero pensar que se pode obter a capacidade de memorizar sem ter previamente adquirido um conjunto de informações que ficam residentes no cérebro prontas a serem usadas.


Lynne Reder
“Aplicações da psicologia cognitiva à educação” 

Ideias-Chave
- Alguns estudos demonstraram a importância:
·         do estudo espaçado,
·         da prática (fazer),
·         a variabilidade na transmissão dos conteúdos (dar diferentes exemplos ),
·         da sala neutra sem distracções (cores garridas e demasiada informação nas paredes-prejudicial)
·         da importância de ensinar a aplicar novas competências, e não apenas promover uma aprendizagem em contexto
-  Meta cognição como ferramenta para a aprendizagem;
- SRL: Self-Regulated Learning
- As crenças influenciam a performance

Frase a reter:
O cérebro é como um músculo. Precisa de ser exercitado, caso contrário, atrofia.

Paula Carneiro
“Promover a aprendizagem através dos “testes”

Ideias-chave:
 - Os testes não são meros instrumentos de avaliação. Devem ser utilizados como ferramentas para promover a aprendizagem a longo prazo;
- A retenção dos conteúdos é mais eficaz quando há um esforço de pensar, de recordar.

Frase a reter:
Os estudantes devem ser incentivados a incluírem os autotestes repetidos, nas suas práticas de estudo, pois estes permitem não só uma melhor retenção a curto e a longo prazo, como a transferência de informação, em comparação com a leitura e estudo de apontamentos.

Pedro Albuquerque
“É preciso levar a memória de trabalho para a escola?”

Ideias-chave:
- A memória de trabalho é diferente da memória a curto prazo. Esta retém, no máximo, os últimos 30 a 40 segundos.
- A memória de trabalho é uma memória que nos permite operar sobre o meio envolvente recorrendo à retenção e processamento de informação por períodos curtos de tempo socorrendo-se de estratégias cognitivas desenvolvidas ao longo da vida;
- A memória de trabalho permite melhorar o desempenho na Leitura, Escrita e Matemática (estudo em crianças de 4 anos comprovam que as crianças com níveis elevados de memória de trabalho revelam excelentes capacidades matemáticas e de leitura);
- Deve existir uma intervenção precoce ao nível da memória de trabalho, sendo que um dos aspectos essenciais é a repetição;
- Não há melhor forma de aprender do que “aprender de cor” (de cuore ou com o coração), ou seja, com esforço.

Frase a Reter:
A capacidade de memorização facilita a aprendizagem

Reder, Lynne e outro (2011). Em causa: aprender a aprender. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Hiperligação:
Ana Paula Silva
Sónia Ferreira

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