Cobre-te canalha na mortalha, hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos de há mil anos morrem como tu
Abre uma trincheira, companheira, deita-te no chão
Sempre à tua frente viste gente de outra condição
...
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia duma ideia p'ra nos empurrar
Só um pensamento no momento p'ra nos despertar
...
Ergue-te, ó Sol de Verão,
somos nós os teus cantores da matinal canção
Os velhos tiranos de há mil anos morrem como tu
Abre uma trincheira, companheira, deita-te no chão
Sempre à tua frente viste gente de outra condição
...
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Como canção de denúncia de um regime ditatorial e de esperança para o futuro, «Coro da Primavera» é uma mensagem surrealista de afirmação do ideal da liberdade e da democracia para Portugal. E quão importantes são os coros, a percussão e os sopros na sua expressão musical...
Venha a maré cheia duma ideia p'ra nos empurrar
Só um pensamento no momento p'ra nos despertar
...
Ergue-te, ó Sol de Verão,
somos nós os teus cantores da matinal canção
Coro da Primavera
(1971)
Letra e música:
José Afonso
Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
José Fernando Vasco
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
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