Aprendizagem ao longo da vida: paradigma de educação/formação

Tal como refere o Relatório Mundial sobre a Educação (2000: 84), “O reconhecimento do direito à educação e o direito à aprendizagem ao longo da vida é, mais do que nunca, uma necessidade”.
O reconhecimento e validação das aprendizagens experienciais tem-se afirmado no espaço educativo europeu e surge nos documentos e iniciativas desenvolvidas pela Comissão Europeia.

Estas preocupações europeias articulam-se com um conjunto de intenções, das quais se salientam:
- oferecer uma segunda oportunidade de adquirir uma qualificação;
- promover trajectórias de desenvolvimento pessoal e profissional através da vida;
- suportar mutações económicas e enfrentar necessidades de níveis mais elevados de competências.

Com efeito, neste novo milénio, a educação sofreu diversas mudanças globais, nomeadamente ao nível dos processos de formação, e de certificação, da população adulta.
Na actualidade, perante os múltiplos desafios, num mundo em constante mudança, o reforço dos conhecimentos desempenha um papel cada vez mais importante na aquisição de competências. Uma das prioridades estabelecida pela Estratégia Europa 2020 é o Crescimento inteligente: o desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação.

A educação caracteriza-se, assim, cada vez mais como um processo contínuo decorrente ao longo da vida, não se limitando apenas à formação adquirida na escola ou na universidade, mas incluindo também os conhecimentos e competências obtidas em situações mais informais no âmbito de um percurso individual diversificado. O paradigma de Aprendizagem ao Longo da Vida ultrapassa as fronteiras tradicionais que delimitam os espaços formais de aprendizagem – apela a novas teorias e modelos de educação e formação.

No contexto de uma política que visa elevar os níveis de qualificação e certificação surge a Iniciativa Novas Oportunidades que, com a criação dos respectivos Centros, possibilita a qualificação e valorização dos adultos a nível pessoal, social e profissional. Cria, dessa forma, as condições para que os mesmos acedam a respostas de educação/formação e possam ver valorizadas e certificadas as competências adquiridas ao longo da vida nos seus diversos contextos. Permitem, igualmente, o encaminhamento para outras ofertas de formação adequadas ao perfil dos adultos.

Enquadrados neste novo paradigma educacional, subjazem aos Centros Novas Oportunidades os seguintes princípios:
- Responder às necessidades de qualificação;
- Desenvolver processos de aprendizagem respeitando o ritmo do candidato, partindo das suas experiências para o desenvolvimento e consolidação de competências.
De referir ainda que só o trabalho e dedicação das equipas, têm contribuído para a implementação de diversas linhas de acção, a saber:
- Formação em contexto de trabalho – acções de formação internas sobre as dimensões da Iniciativa Novas Oportunidades de acordo com as necessidades sentidas pela equipa;
- Reuniões numa perspectiva formativa, no sentido de construir/reconstruir metodologias - caminhar através de um processo formativo;
- Replicação de acções ministradas pela tutela;
- Avaliação e desenvolvimento – processo de auto-regulação;
- Informação e divulgação – articulação com a comunidade escolar e educativa;
- Estabelecimento de redes de parcerias nacionais e internacionais;

Também, no sentido dos adultos reconhecerem a importância da Aprendizagem ao Longo da Vida e a necessidade de manterem um esforço contínuo de actualização e alargamento de saberes - formar na e pela cultura desenvolvemos a competência da leitura e da escrita no âmbito do projecto Novas Oportunidades a Ler+ - Plano Nacional de Leitura, processo de construção de leitores - leitores reflexivos e autónomos que leiam ao longo das suas trajectórias pessoais, sociais e profissionais;.
Motivámos, assim, os adultos para a partilha de experiências de leitura e consequente reflexão para enriquecerem o Portefólio Reflexivo de Aprendizagens nas diversas áreas. Valorizámos a leitura enquanto enriquecimento estético, linguístico e cultural. Valorizámos a dimensão da experiência humana e da vivência cultural. Consideramos que os adultos estão a percorrer os trilhos do conhecimento.

Deste modo, os Centros Novas Oportunidades têm:
(i) Respondido a um público cada vez mais diversificado (novos púbicos) respeitando e valorizando o perfil, as motivações e as expectativas de cada cidadão;
(ii) Fomentado a auto-formação, o auto-conhecimento, a auto-reflexão e a auto-avaliação;
(iii) Promovido a formação integral dos cidadãos nos planos do saber-fazer, do Saber Ser, do Saber Estar e do Saber Saber.

E no futuro? Que desafios?
É fundamental que os Centros Novas Oportunidades não se assumam como espaços estanques e continuem a prosseguir o seu caminho, abrindo-se a novas ideias e práticas. – o saber resulta do confronto e da transformação da experiência.
Este quarto Encontro InterCNO tem como objectivo desencadear uma reflexão conjunta – fazer um balanço do que tem sido a actividade dos Centros Novas Oportunidades e prospectivar os novos desafios para o futuro com que os Centros terão de se confrontar – processo reflexivo que origina a aquisição de novos conhecimentos.
Como refere Miguel Torga: ” O que importa é partir, não é chegar”.

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Ferramentas documentais como ajuda à aprendizagem ao longo da vida
Oportunidades de Aprendizagem ao Longo da Vida

Hiperligações:
Agência Nacional para a Qualificação (ANQ)
Centro Novas Oportunidades de Cacilhas (CNO)
Plano Nacional de Leitura (PNL)

Manuela Ventura Santos