Segundo Viriato Teles, «o mais histórico e o mais referencial de todos os discos da música popular portuguesa.» Gravado em França no Outono de 1971, sob a direcção musical de José Mário Branco, «Cantigas do Maio» representou um salto qualitativo em termos musicais, poéticos e políticos na obra de José Afonso e na música portuguesa. Para além de ser responsável por se considerar José Afonso como um dos precursores da denominada «world music», «Cantigas do Maio» apresentou três canções absolutamente referenciais da luta contra o regime salazarista - «Grândola Vila Morena» (um dos símbolos máximos do 25 de Abril), «Coro da Primavera» (o anúncio do fim do Estado Novo) e «Cantar Alentejano».
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Do sangue que então brotou
...
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Não perdoa a quem matou
Catarina Eufémia (1928-1954)
A luta dos trabalhadores alentejanos por melhores condições de vida e trabalho ficou imortalizada na figura de Catarina Eufémia: 26 anos, mãe de três filhos e assassinada pela Guarda Nacional Republicana em 1954.
José Afonso, em «Cantar Alentejano», imortalizou Catarina Eufémia e todo um Alentejo rural e pobre do Portugal de Salazar. A associação a um movimento, ideologia ou partido - independentemente de Catarina Eufémia ter sido ou não um militante do PCP, uma mulher de forte consciência ideológica ou uma simples trabalhadora rural vítima da exploração - é o aspecto menos interessante em torno da tragédia de 1954.
Historicamente relevante é o carácter opressivo do regime autoritário de Salazar.
Artisticamente, proporcionou um dos momentos mais extraordinários da poética e da música popular portuguesa contemporânea.
Cantar Alentejano
(1971)
Letra e música:
José Afonso
Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
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