Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão, habitação, saúde, educação
As palavras de Sérgio Godinho, numa das canções emblemáticas do imediato pós-25 de Abril, são bem reveladoras da situação portuguesa em meados da década de 70 do século XX. Em 1974, não existia o Serviço Nacional de Saúde, a guerra colonial era um problema para resolver, o sistema educativo pouco mais cobria que as principais cidades e, à volta da capital, um imenso mar de barracas sem luz, esgotos e as demais condições básicas e dignas de existência. Derrubado o Estado Novo, havia que restabelecer as liberdades fundamentais mas, como dizia Sérgio Godinho, a liberdade política pouco sentido faria sem o desenvolvimento económico e social que, pelo menos, atenuasse as profundas desigualdades existentes. Basta lembrar que, nessa época, Portugal tinha a maior taxa de mortalidade infantil da Europa Ocidental e uma das menores taxa de cobertura de electricidade, água canalizada e esgotos.
(1974)
Letra e música:
Sérgio Godinho
Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
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