O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

Canções de Abril VI - «Simone de Oliveira: Desfolhada»

«Quem faz um filho, fá-lo por gosto» - escândalo nacional em 1969!
No entanto, a canção ganha o mais importante certame musical nacional da época: o Festival RTP da Canção.
Tal não impediu que fossem feitos os comentários mais jocosos e moralistas em relação à interprete, Simone de Oliveira, que acabou por pagar um preço alto por ser a voz das palavras de Ary dos Santos.
«Desfolhada» é um grito de liberdade num ano de expectativa perante a tímida, incoerente e pouco florida «primavera marcelista»; é igualmente um sinal da mudança de mentalidades que iria acelerar nas décadas de 70 e 80 do século XX.

Desfolhada
(1969)

Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes



Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.

É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.
Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.
Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.


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José Fernando Vasco

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