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«A Evolução do Darwinismo» de António Bracinha Vieira

Disponível para consulta na BECRE
a partir de 10.02.2011
Recomendado pelo PNL

António Bracinha Vieira é um professor habituado às lides do ensino e investigação em torno da evolução das espécies biológicas, principalmente no domínio da antropologia biológica. Mais de um século e meio depois da publicação da obra “A Origem das Espécies” (1859) do naturalista Charles Darwin (1809-1882), o tema é ainda difícil, porque complexo, e polémico, porque colocador do Homem entre as demais espécies que povoam(ram) este planeta. No entanto, é com o maior despudor que no livro “A Evolução do Darwinismo” (Fim de Século Edições, 2009), este autor afirma o seguinte: «No estado actual do saber, a soma de argumentos reunidos confere à evolução por selecção natural o mesmo grau de credibilidade que a forma elipsóide da Terra (...) ou o facto de a Terra orbitar em volta do Sol e não o contrário. Decorridos 150 anos sobre a publicação de The Origin [of Species], só ignorância ou má-fé podem explicar a sua recusa. Se, como hoje acontece nalguns estados do Midwest dos Estados Unidos, o ensino da teoria sintética da evolução fosse nivelado com o de modelos obscurantistas (...), então a História seria uma aventura falhada, denegando as ideias que lhe serviram de fundamento e esteio, e Homo sapiens (...) mereceria antes o nome específico de Homo stupidus – que foi proposto por Ernest Haeckel, logo após a publicação de The Origin, para denominar um antepassado conjectural, elo perdido entre Pithecanthropus alalus e o homem moderno (Haeckel, 1874).» (pp.22 e 23). Despudorado e também pragmático, sem dúvida.
E é porque a História não é «uma aventura falhada», que as ideias transformistas de Darwin deram lugar à actual teoria sintética da evolução, proposta por Julian Huxley (1887-1975) em 1942, que integra a genética na explicação na evolução por selecção natural. Significa isto, que o tempo passou e a teoria da evolução original tem vindo a aperfeiçoar-se, ao ponto de actualmente servir de elemento central unificador das ciências da natureza, abrindo e orientando, ao mesmo tempo, a investigação do mundo biológico (e geológico) em todas as frentes. Teorias assim são as mais belas. Uma ambição que a Física procura igualmente... (como “fundir” a relatividade geral com a física quântica?).
O livro é pequeno (102 pp.), mas enorme no propósito didáctico. O texto é de fácil leitura e acompanhado por interessantes notas de rodapé. Inclui também ilustrações de Sergio Rafael Nunes e um «Vocabulário» no fim, atendendo a que «(...) o rigor dos conceitos expostos recomenda o rigor posto a defini-los, sendo a biologia uma ciência que se funda mais em conceitos do que em leis, optei [o autor] por juntar um vocabulário de termos especializados no final do texto.» (p.13).
Fundamentalmente, o livro apresenta a teoria da evolução, o seu posterior desenvolvimento histórico, muitos argumentos a favor da ideia da evolução das espécies, e as raízes do preconceito ideológico em relação à mecânica evolucionista no que respeita à nossa proveniência e condição.
Os professores e alunos de biologia (e geologia) poderão utilizá-lo como instrumento complementar ao estudo dos seguintes temas dos programas nacionais do 11.º e 12.º anos:
11.º Ano - Evolução biológica. Unicelularidade e multicelularidade. Sistemática dos seres vivos;
12.º Ano - Património genético, transmissão de características hereditárias e mutações. Reprodução sexuada e variabilidade.
O didactismo deste livro pode ser avaliado não apenas no modo orientado como apresenta ou explica os variados argumentos apoiantes da teoria da evolução, como também pela presença de indicações ou do esclarecimento prévio de conceitos (caso das características que um bom cientista deve ter e sobre o que é uma teoria, respectivamente). Mas seja qual for a forma como o queiramos ler, é nele bem claro que mais do que uma teoria, o darwinismo é hoje um programa de pesquisa.



A rede ou teia das ciências da natureza (p.45), cujo centro organizador é a moderna teoria sintética da evolução. De notar, o começo duplo com a genética e a geologia e a possibilidade de novos desenvolvimentos a partir das técnicas de datação, do fingerprinting e footprinting (perfis metabólicos intra e extracelulares).

Hiperligação:
Rosa Espada

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