(1976)
Compositor:
Sérgio Godinho
Se eu fosse mal educado
dizia que é muito feio
construir o socialismo
com fascistas de permeio
Mas como não sou, eu fico
cego, surdo, mudo e quedo
a repetir uma história
sem lhe saber o enredo
Por falar em socialismo
lá porque alguém o apregoa
não quer dizer que não esteja
a dizer coisas à toa
E lá porque alguém nos fala
também em revolução
não quer dizer que não esteja
a vender lobo por cão
Eh lá bico calado
muita coisa por dizer
eh lá bico calado
muita luta para vencer
Tenho bichos carpiteiros
não consigo ficar quieto
meto-me no que não devo
no que devo não me meto
Não consigo ficar quieto
devo estar mas é doente
quanto mais ando para trás
mais quero andar para a frente
E quando olho para a frente
vejo um oftalmologista
que me atira areia aos olhos
e que tem poeira na vista
É que ao olhar para isto tudo
há dois olhares bem distintos
o dos que vivem à larga
e o dos que apertam os cintos
Chamo as coisas pelo nome
pão é pãp queijo é queijo
fome é fome povo é povo
saúde é o que eu vos desejo
E se comeste hoje a carne
amanhã rois o osso
e se comeste ontem a ameixa
hoje chupas o caroço
E por falar em comida
voltemos à vaca fria
será que a boca do lobo
já não morde como mordia?
Ou será que já voltamos
à pureza inicial
em que o lobo ainda era
um encanto de animal?
Eh lá bico calado...
dizia que é muito feio
construir o socialismo
com fascistas de permeio
Mas como não sou, eu fico
cego, surdo, mudo e quedo
a repetir uma história
sem lhe saber o enredo
Por falar em socialismo
lá porque alguém o apregoa
não quer dizer que não esteja
a dizer coisas à toa
E lá porque alguém nos fala
também em revolução
não quer dizer que não esteja
a vender lobo por cão
Eh lá bico calado
muita coisa por dizer
eh lá bico calado
muita luta para vencer
Tenho bichos carpiteiros
não consigo ficar quieto
meto-me no que não devo
no que devo não me meto
Não consigo ficar quieto
devo estar mas é doente
quanto mais ando para trás
mais quero andar para a frente
E quando olho para a frente
vejo um oftalmologista
que me atira areia aos olhos
e que tem poeira na vista
É que ao olhar para isto tudo
há dois olhares bem distintos
o dos que vivem à larga
e o dos que apertam os cintos
Chamo as coisas pelo nome
pão é pãp queijo é queijo
fome é fome povo é povo
saúde é o que eu vos desejo
E se comeste hoje a carne
amanhã rois o osso
e se comeste ontem a ameixa
hoje chupas o caroço
E por falar em comida
voltemos à vaca fria
será que a boca do lobo
já não morde como mordia?
Ou será que já voltamos
à pureza inicial
em que o lobo ainda era
um encanto de animal?
Eh lá bico calado...
Hiperligações:
Canções de Abril II - José Afonso. A morte saiu à rua
Canções de Abril III - Sérgio Godinho. Que força é essa
Canções de Abril IV - Adriano Correia de Oliveira. Trova do vento que passa
Canções de Abril V - Carlos Paredes. Verdes anos
Canções de Abril III - Sérgio Godinho. Que força é essa
Canções de Abril IV - Adriano Correia de Oliveira. Trova do vento que passa
Canções de Abril V - Carlos Paredes. Verdes anos
Canções de Abril X - Quarteto 1111. Cantamos pessoas vivas
Canções de Abril XI - José Afonso. Coro da Primavera
Canções de Abril XI - José Afonso. Coro da Primavera
Canções de Abril XIII - Paulo de Carvalho. E depois do adeus
Canções de Abril XIV - José Afonso. Grândola Vila Morena
Canções de Abril XV - Madredeus. As Brumas do FuturoCanções de Abril XIV - José Afonso. Grândola Vila Morena
Canções de Abril XIX - José Mario Branco. Eu vim de longe
Canções de Abril XX - Chico Buarque, Ruy Guerra. «Fado Tropical»
Canções de Abril XXI - José Mário Branco. Queixa das almas jovens censuradas
Canções de Abril XXII - Francisco Fanhais. Cantata da Paz
Canções de Abril XX - Chico Buarque, Ruy Guerra. «Fado Tropical»
Canções de Abril XXI - José Mário Branco. Queixa das almas jovens censuradas
Canções de Abril XXII - Francisco Fanhais. Cantata da Paz
José Fernando Vasco
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