Cidadania. Tema recorrente, actual, importante. E o mote da conferência que trouxe José Pedro Aguiar-Branco, destacado membro do PSD a esta nossa escola, no dia 8 de Fevereiro, no fundo para reflectirmos sobre o que é, afinal, o exercício da cidadania, e em que moldes poderá esta ser aplicada, com algumas referências à vaga tecnológica que atravessamos nos dias de hoje.
Mas o que é, afinal, a cidadania? Pergunta difícil… Decerto que todos nós fazemos a nossa leitura desta palavra. Segundo o convidado desta conferência, é tão simplesmente a construção de um melhor futuro comum, que começa desde logo nas camadas jovens e que a sua base é o dever de participação activa na sociedade, que se pode manifestar de inúmeras formas. Sublinho uma frase dita pelo próprio, aquando da sua exposição sobre o tema. “Todos somos pessoas, mas para sermos cidadãos há que participar”. Completamente de acordo. De facto, a sociedade civil ocupa um papel de extrema importância no exercício da cidadania, e o direito de voto e a liberdade de expressão são duas das suas condições fundamentais.
Como é óbvio, e estando nós longe de viver num mundo considerado perfeito, existem sempre bloqueios ao exercício pleno da cidadania, mesmo a nível transnacional. Analisando a temática de uma forma bastante curiosa, Aguiar-Branco referiu (numa clara referência à entrada do FMI em Portugal) que cidadania e auto-suficiência são conceitos que devem estar de mãos dadas, e que é necessário saber resolver os nossos problemas sem depender de agentes externos. No que a esta parte específica da conferência diz respeito, o mesmo deixou no ar as questões “Em Portugal, será que podemos exercer a 100% a cidadania?” e “Será que o Estado não coloca obstáculos à cidadania/liberdade?”. Prezados visitantes do blogue, digam de vossa justiça…
Pegando agora na parte mais “hi-tech” desta conferência, este convidado tem também pontos de vista bastante interessantes. Claro que as redes sociais tiveram o seu papel de destaque, devido à dependência que estas criam e aos riscos associados à sua utilização. Numa referência a Gilles Lipovetsky e ao seu livro A Cultura-Mundo: Resposta a Uma Sociedade Desorientada, Aguiar-Branco usou o termo “Homo Ecranis” para designar o status quo tecnológico dos nossos dias e a utilização que fazemos das tecnologias. De facto, às vezes involuntariamente (entenda-se por isto devido a uma utilização sistemática), ligamos o computador e desligamo-nos do mundo, preterindo mesmo as relações pessoais que, mesmo insubstituíveis, caem cada vez mais em desuso, em grande parte à falsa sensação de aproximação que as redes sociais criam Nada mais errado e passível de levar a um afastamento da VERDADEIRA realidade…
Obviamente que este problema é ampliado pela grande aceitação das massas, e em particular dos jovens a estes fenómenos, fascinados pela constante novidade habitual no domínio tecnológico. Abordemos a questão de uma maneira simples. Já pensaram na decadência em que o Hi5 entrou assim que apareceu o Facebook? Sendo os objectivos praticamente os mesmos, bastou este último ser mais recente para se impor. Curioso mundo este movido pela “constante novidade das coisas”. Onde é que eu já vi isto?
Resumindo esta conferência, que muito me deu que pensar após o seu término, pelo rumo que a minha geração está a tomar, há que destacar a pertinência dos temas, a descontracção do convidado e uma frase, para mim, a mais importante da ocasião. “O facto de haver alguém responsável não exime a nossa própria responsabilidade”. Por isso, cidadãos do país e do mundo, ajam!
Joel Joaquim
(Aluno de Comunicação Social do
Instituto Politécnico de Setúbal)
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