Edificadas no século XVIII durante o reinado de D. João V, a Biblioteca Joanina (Universidade de Coimbra) e a Biblioteca do Palácio Nacional Mafra (Lisboa) têm mais características em comum: o início das obras de construção em 1717, a arquitectura em estilo barroco, e o respeito por princípios científicos que favorecem a conservação dos milhares de livros que guardam. Estes princípios científicos estão associados à manutenção da temperatura e humidade adequadas à conservação dos livros e à destruição por métodos naturais dos insectos papirógrafos (comedores de papel) que também os danificam.
Na Biblioteca Joanina as paredes externas têm mais de 2 metros de espessura, a porta da entrada é de madeira de teca, que permite obter uma temperatura constante de cerca de 20 graus centígrados no espaço da biblioteca, e todo o interior é revestido a madeira, facto que favorece a manutenção da humidade nos 60%.
A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra está virada para sul, sendo bem iluminada pela luz natural. Nela, foram colocados espelhos em estruturas parecidas a janelas para que o calor que a luz transporta possa ser retido por estes e não escape para o exterior por simples vidros. Em redor dos livros é evitada a concentração de humidade, pois existem espaços livres por detrás das estantes que travam a formação de bolores (desenvolvimento de fungos) com o maior arejamento promovido.
Mas é a permanência de colónias de morcegos nestas bibliotecas, que de noite se movimentam à vontade entre os livros, o aspecto mais insólito para os visitantes. O objectivo pretendido é muito simples: fomentar o estabelecimento de uma relação de simbiose entre o Homem e os morcegos. Qual a vantagem para ambos? Os morcegos alimentam-se dos insectos papirógrafos e nós conservamos os livros. É um método natural comparável à actual prática de agricultura biológica, em que o controlo fitossanitário das pragas agrícolas se efectua com o recurso à utilização, no local, dos predadores dessas mesmas pragas, eliminando a contaminação sistemática do meio ambiente por substâncias tóxicas.
E assim, não esquecendo, claro, também os restantes princípios descritos, os livros são conservados nestas duas bibliotecas desde o século XVIII (vários deles são muito anteriores a este século). Na Biblioteca Joanina a utilização da madeira de carvalho na confecção das estantes apresenta também a vantagem de travar o apetite devorador dos insectos papirógrafos, na medida em que é uma madeira com elevada densidade e liberta um odor que afugenta estes seres vivos da proximidade dos livros.
Para terminar, resta somente lembrar a ideia de que tanto a Biblioteca Joanina como a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra são dois excelentes exemplos para a transmissão do conceito de sustentabilidade ambiental e do valor dos livros como objectos de transmissão do conhecimento acumulado. Aqui, a Internet não tem hipóteses. Existe luxo, importância, selecção. O peso da História. E os morcegos patrulham os livros, na realidade.
Na Biblioteca Joanina as paredes externas têm mais de 2 metros de espessura, a porta da entrada é de madeira de teca, que permite obter uma temperatura constante de cerca de 20 graus centígrados no espaço da biblioteca, e todo o interior é revestido a madeira, facto que favorece a manutenção da humidade nos 60%.
A Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra está virada para sul, sendo bem iluminada pela luz natural. Nela, foram colocados espelhos em estruturas parecidas a janelas para que o calor que a luz transporta possa ser retido por estes e não escape para o exterior por simples vidros. Em redor dos livros é evitada a concentração de humidade, pois existem espaços livres por detrás das estantes que travam a formação de bolores (desenvolvimento de fungos) com o maior arejamento promovido.
Mas é a permanência de colónias de morcegos nestas bibliotecas, que de noite se movimentam à vontade entre os livros, o aspecto mais insólito para os visitantes. O objectivo pretendido é muito simples: fomentar o estabelecimento de uma relação de simbiose entre o Homem e os morcegos. Qual a vantagem para ambos? Os morcegos alimentam-se dos insectos papirógrafos e nós conservamos os livros. É um método natural comparável à actual prática de agricultura biológica, em que o controlo fitossanitário das pragas agrícolas se efectua com o recurso à utilização, no local, dos predadores dessas mesmas pragas, eliminando a contaminação sistemática do meio ambiente por substâncias tóxicas.
E assim, não esquecendo, claro, também os restantes princípios descritos, os livros são conservados nestas duas bibliotecas desde o século XVIII (vários deles são muito anteriores a este século). Na Biblioteca Joanina a utilização da madeira de carvalho na confecção das estantes apresenta também a vantagem de travar o apetite devorador dos insectos papirógrafos, na medida em que é uma madeira com elevada densidade e liberta um odor que afugenta estes seres vivos da proximidade dos livros.
Para terminar, resta somente lembrar a ideia de que tanto a Biblioteca Joanina como a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra são dois excelentes exemplos para a transmissão do conceito de sustentabilidade ambiental e do valor dos livros como objectos de transmissão do conhecimento acumulado. Aqui, a Internet não tem hipóteses. Existe luxo, importância, selecção. O peso da História. E os morcegos patrulham os livros, na realidade.
Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra
Hiperligações:
Morcegos (Wikipédia)
Rosa Espada
1 comentário:
E ainda há gente que tem medo de morcegos!
Tudo tem a sua função.
Angela Gordo
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