O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

O Prazer de Ler versus O Prazer de Ouvir

A sessão intitulada O Prazer de Ler V, realizada no passado dia 28 de Outubro na BECRE e proferida pelo ilustre escritor e professor Rui Zink, para mim, rapidamente se transformou em O Prazer de Ouvir.
O encontro esteve inserido no Projecto Novas Oportunidades a Ler+/Plano Nacional de Leitura, co-organizado pelo CNO Cacilhas e BECRE.
Ao longo da sessão Rui Zink deambulou entre piadas políticas, económicas, pessoais, familiares e íntimas; e pensamentos filosóficos que nos deixaram a pensar. Saltou de um assunto para o outro, cativando o interesse do público do mais jovem ao mais velho, do mais instruído ao menos instruído.
O início da sessão teve como tema de abertura o actual Estado da Nação - crise económica e medidas orçamentais em discussão. Rui Zink começou por fazer um trocadilho com as palavras “orçamento”
e “orcamento”, afirmando que o nosso “orçamento mais parece um orcamento”, brincando com a palavra “orca”, famosa baleia assassina.
Falou no seu prazer de ler e nas várias leituras que gosta de fazer e a importância que devemos dar à leitura nas nossas vidas. Segundo o professor e escritor, Rui Zink, não devemos “massacrar-nos” lendo livros muito difíceis, mas também não devemos desistir deles, só porque não os entendemos.
Devemos tentar diversificar as nossas experiências de leitura e adaptá-las ao nosso estado de espírito ou poder de concentração. Assim, de acordo com o escritor, podemos ler livros “de leitura fácil” nos transportes, por exemplo, os “médios” ao longo da semana e os “difíceis” lê-los apenas uma vez por semana. Receita? Conselho? Ou simplesmente opinião?
Houve algumas frases proferidas pelo escritor que não pude deixar de passar para o papel… para mais tarde recordar. Transcrevo-as neste momento, porque sinto vontade de relembrá-las a quem esteve presente na sessão e partilhá-las com quem não teve possibilidade de comparecer.
«Quando falamos perdemo-nos. Quando lemos encontramo-nos.»

«O ponto mais harmonioso entre duas pessoas dá-se quando não
podem falar, isto é, quando se beijam.»

«Só imaginamos aquilo que conhecemos.»
«Só conhecemos aquilo que imaginamos.»

«Há livros maravilhosos escritos por pessoas muito más.»

Isto é, há livros fantásticos que foram escritos por alcoólicos, adúlteros, loucos…, mas que não deixam por isso de ser obras de referência.
Para o autor de O Anibaleitor, ler é comparar as experiências de “outro alguém” com as suas próprias vivências; é emocionar-se; é sentir-se menos mal com a sua vida por ver que alguém já sofreu mais do que ele, por exemplo.
Um livro é sempre o resultado do trabalho árduo do escritor que escreve, lê, corrige, relê, rectifica, torna a ler e reescreve… até ficar algo “mesmo bom”, que é o livro que nos chega às mãos, por isso, o livro deve ser tratado com respeito e estima.
Entre muitos pensamentos, histórias e opiniões que foi partilhando com a plateia sempre interessada, terminou a sessão respondendo às perguntas que lhe foram colocadas no final.
Adorei a sessão e espero continuar a poder partilhar momentos de qualidade como este e, só para terminar, transcrevo ainda uma última frase proferida pelo nosso convidado. Diz a sabedoria popular que «palavras, leva-as o vento», segundo o escritor «o papel agarra as palavras», não as deixando voar ou serem esquecidas. Por isso, também eu senti necessidade de escrever algumas das suas frases, para que não fossem esquecidas!
Cristina Pimentel

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