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REIS, Bárbara, dir. Suplemento do Público Nº7469: Carro eléctrico: Andam a prometer-nos uma revolução / Bárbara Reis, dir. ; Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar, dir. adjunto ; Lurdes Ferreira, ed. suplemento ; Miguel Madeira, ed. fotog.. - Lisboa : Público, 16 Setembro 2010. - 23 p. : Figuras, fotografias, quadros, esquemas, gráficos
45458/91
Jornais / Mobilidade / Automóveis - indústria / Automóveis - electricidade / Automóveis - protótipos / Eléctricos (transportes públicos) / Ambiente - política / Energias renováveis
CDU: 070
Jornais / Mobilidade / Automóveis - indústria / Automóveis - electricidade / Automóveis - protótipos / Eléctricos (transportes públicos) / Ambiente - política / Energias renováveis
CDU: 070
Cota: 070 JOR PUB
3487
O Pivo da Nissan é um dos actuais protótipos de carro eléctrico mais inovadores.
O suplemento “Carro eléctrico – Andam a prometer-nos uma revolução” (Público, 16.09.2010) dá-nos conta da presente situação e do possível futuro do carro eléctrico puro sob as perspectivas de diversos argumentos: políticos, económicos, energéticos e ambientais.
«“Ainda não há carro”, “as baterias precisam de evoluir”, “as pessoas estão habituadas à gasolina e ao gasóleo, nem que chegue a três euros por litro, não vão mudar”, “onde vamos carregar as baterias? vê por aí alguma coisa?”, “ainda não percebi se é melhor trocar agora o meu carro por um eléctrico ou se é melhor esperar mais uns anos”, “ a conversa do carro eléctrico tem anos e, de cada vez que o anunciaram, caiu”, “ e se houver um apagão?”» (p.5) são algumas inquietações manifestadas pelo cidadão comum. No entanto, ao que tudo indica, uma mudança de paradigma da mobilidade vai acontecer, baseando-se na convicção de que o século do petróleo está a acabar e dará lugar ao século da electricidade. A revolução divulgada (ou já em curso) compara-se à dos telemóveis ou do computador portátil.
Poderemos pensar na importância ambiental da adopção de uma tecnologia de matriz eléctrica para a construção futura de todo e qualquer meio de transporte, mas o que ditará a verdade dos acontecimentos não será, seguramente, a luta contra as alterações climáticas. O receio do esgotamento das reservas petrolíferas e a oportunidade de exploração de um novo mercado são os factores de eleição, tanto dos construtores de automóveis como dos governantes.
Do lado da tecnologia, não existem obstáculos para a criação de carros eléctricos cada vez mais autónomos. Do lado do mercado, chegará também o tempo em que os preços destes veículos serão competitivos. Se o preço do petróleo subir ainda mais descaradamente, a opção pela mobilidade de tipo eléctrico levará a melhor. Pensar na libertação do CO2 para a atmosfera é o mesmo que pensar num mero “pormenor” ambiental, pois «o que vai condicionar a revolução será o custo dos combustíveis e não o CO2. Serão os constrangimentos de natureza económica devido aos custos do petróleo.» (p.6).
Mas independentemente das matérias de índole económica, um aspecto se impõe indicar. E este, apenas para nos informar (a nós, consumidores) sobre o facto dos carros eléctricos não serem ainda nada “verdes” no que respeita não só à fonte energética utilizada – a electricidade –, como também no que à sua construção diz respeito. Desengane-se, portanto, e por largos anos ainda, quem pensa adquirir um veículo eléctrico e não de combustão interna (diesel ou gasolina) porque precisa dele e quer evitar poluir o planeta. O que dizer do recurso a uma maior extracção e queima de carvão para produzir esta electricidade adicional, ou a opção pela utilização do nuclear? Que riscos estão envolvidos? Qual o impacto ambiental da ainda maior concentração do CO2 na atmosfera, ou da fuga de radioactividade para o meio ambiente? Qual o tratamento dado ao lítio das baterias em fim de validade? E a emissão de pequenas partículas pelos pneus e travões, que vão continuar a gastar-se?
Os primeiros carros eléctricos chegam a Portugal já este ano. Os modelos até agora apresentados custam na ordem dos 30 mil euros e a autonomia em estrada é ainda muito baixa: em alguns modelos não vai além de 20 quilómetros e raramente supera os 160 quilómetros. Estima-se que o parque automóvel português será constituído por 10% de carros eléctricos em 2020 (p.6).
Carga fiscal à parte (embora dela dependa a massificação da nova tecnologia) e postos de abastecimento eléctrico também (que serão colocados à disposição tal e qual como as gasolineiras desde o começo do século XX), o obstáculo tecnológico da limitada autonomia das baterias será rapidamente ultrapassado, tal como no passado o motor de explosão a quatro tempos de Nikolaus A. Otto (1832-1891) foi também aperfeiçoado pelos pioneiros da construção automóvel, Karl Benz (1844-1929) e Gottlieb Daimler (1834-1900), que o tornaram leve e de ignição melhorada, passível de ser utilizado num veículo automóvel.
O carro eléctrico está aí. É um desafio e parece que vai ter que ter sucesso.
«“Ainda não há carro”, “as baterias precisam de evoluir”, “as pessoas estão habituadas à gasolina e ao gasóleo, nem que chegue a três euros por litro, não vão mudar”, “onde vamos carregar as baterias? vê por aí alguma coisa?”, “ainda não percebi se é melhor trocar agora o meu carro por um eléctrico ou se é melhor esperar mais uns anos”, “ a conversa do carro eléctrico tem anos e, de cada vez que o anunciaram, caiu”, “ e se houver um apagão?”» (p.5) são algumas inquietações manifestadas pelo cidadão comum. No entanto, ao que tudo indica, uma mudança de paradigma da mobilidade vai acontecer, baseando-se na convicção de que o século do petróleo está a acabar e dará lugar ao século da electricidade. A revolução divulgada (ou já em curso) compara-se à dos telemóveis ou do computador portátil.
Poderemos pensar na importância ambiental da adopção de uma tecnologia de matriz eléctrica para a construção futura de todo e qualquer meio de transporte, mas o que ditará a verdade dos acontecimentos não será, seguramente, a luta contra as alterações climáticas. O receio do esgotamento das reservas petrolíferas e a oportunidade de exploração de um novo mercado são os factores de eleição, tanto dos construtores de automóveis como dos governantes.
Do lado da tecnologia, não existem obstáculos para a criação de carros eléctricos cada vez mais autónomos. Do lado do mercado, chegará também o tempo em que os preços destes veículos serão competitivos. Se o preço do petróleo subir ainda mais descaradamente, a opção pela mobilidade de tipo eléctrico levará a melhor. Pensar na libertação do CO2 para a atmosfera é o mesmo que pensar num mero “pormenor” ambiental, pois «o que vai condicionar a revolução será o custo dos combustíveis e não o CO2. Serão os constrangimentos de natureza económica devido aos custos do petróleo.» (p.6).
Mas independentemente das matérias de índole económica, um aspecto se impõe indicar. E este, apenas para nos informar (a nós, consumidores) sobre o facto dos carros eléctricos não serem ainda nada “verdes” no que respeita não só à fonte energética utilizada – a electricidade –, como também no que à sua construção diz respeito. Desengane-se, portanto, e por largos anos ainda, quem pensa adquirir um veículo eléctrico e não de combustão interna (diesel ou gasolina) porque precisa dele e quer evitar poluir o planeta. O que dizer do recurso a uma maior extracção e queima de carvão para produzir esta electricidade adicional, ou a opção pela utilização do nuclear? Que riscos estão envolvidos? Qual o impacto ambiental da ainda maior concentração do CO2 na atmosfera, ou da fuga de radioactividade para o meio ambiente? Qual o tratamento dado ao lítio das baterias em fim de validade? E a emissão de pequenas partículas pelos pneus e travões, que vão continuar a gastar-se?
Os primeiros carros eléctricos chegam a Portugal já este ano. Os modelos até agora apresentados custam na ordem dos 30 mil euros e a autonomia em estrada é ainda muito baixa: em alguns modelos não vai além de 20 quilómetros e raramente supera os 160 quilómetros. Estima-se que o parque automóvel português será constituído por 10% de carros eléctricos em 2020 (p.6).
Carga fiscal à parte (embora dela dependa a massificação da nova tecnologia) e postos de abastecimento eléctrico também (que serão colocados à disposição tal e qual como as gasolineiras desde o começo do século XX), o obstáculo tecnológico da limitada autonomia das baterias será rapidamente ultrapassado, tal como no passado o motor de explosão a quatro tempos de Nikolaus A. Otto (1832-1891) foi também aperfeiçoado pelos pioneiros da construção automóvel, Karl Benz (1844-1929) e Gottlieb Daimler (1834-1900), que o tornaram leve e de ignição melhorada, passível de ser utilizado num veículo automóvel.
O carro eléctrico está aí. É um desafio e parece que vai ter que ter sucesso.
Gottlieb Daimler recostado na sua primeira «carruagem motorizada», em 1885.
Karl Benz fotografado em 1887 ao volante do «triciclo» Benz Patent-Motorwagen.
Rosa Espada
(texto e imagens)
(texto e imagens)
Conceição Toscano e Sónia Lapa
(Tratamento documental)
(Tratamento documental)
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