O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

«As aventuras de João sem Medo» de José Gomes Ferreira


"As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" são um "divertimento escrito por quem sempre sonhou conservar a criança bem viva no homem" (José Gomes Ferreira)

«Livro sem qualquer paralelo na literatura europeia de hoje, ganha no confronto em relação a outras célebres alegorias políticas como "Animal Farm" de Orwell, ou as de Karel Capek. É que há (...) uma audácia à Swift ("Gulliver's Travel") de transfiguração e simbologia política que transcendem de bastante longe o burocratismo imaginativo de Orwell ou de Capeck, sem verdadeiras raízes nas tradições populares ou folclóricas que conferem a estas 'Aventuras' o seu carácter único». (Alexandre Pinheiro Torres)

Escrito em 1933 por José Gomes Ferreira, em 26 folhetins, para uma gazeta juvenil, O Senhor Doutor, sob o pseudónimo de Avô do Cachimbo, «As Aventuras de João Sem Medo» nascem da ideia de criar um herói que "desmistificasse os Gigantes, os Príncipes, as Princesas, as Fadas" e "permitisse criar novos mitos, tornar mágicos os objectos vulgares da vida diária e dar contorno às minhas verdades mais profundas numa linguagem de acção poética" (posfácio à 4.a ed., 1975, p. 226). A publicação em volume colige e refunde, em 1963, alguns dos episódios vividos por João Sem Medo, um herói "fala-barato de imprecações e graçolas populares, desprezador dos tiranetes e dos poderosos e, sobretudo, cheio de alegria de existir, de respirar, de acreditar nos bons sentimentos e de inventar monstros para os destruir e vencer" (Ibi., p. 231). Descrevendo o "caminho árduo" da infelicidade percorrido por João Sem Medo, um pequeno burguês resoluto em ocultar o medo, desde que saltou o muro da aldeia Chora-que-logo-bebes, a obra apresenta uma espécie de reverso do conto maravilhoso, pejado de seres e situações surrealizantes, onde a ambiguidade da escrita, tendo por destinatário um público não necessariamente infantil, permite entrever também uma sátira à situação nacional sob a ditadura: à partida, quem seguisse o caminho da felicidade completa tinha de se sujeitar a que lhe cortassem a cabeça para não pensar.


Hiperligações:
As Tormentas: José Gomes Ferreira
Centro Virtual Camões - Figuras da Cultura Portuguesa: José Gomes Ferreira

José Fernando Vasco
Manuela Santos

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