O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

«Invictus» de Clint Eastwood

Invictus, produzido e realizado por Clint Eastwood em 2009, com Morgan Freeman (Nelson Mandela) e Matt Damon (François Pienaar), é, definitivamente, aquilo que na língua saxónica se diz um "must see".
Este filme, com actuações fantásticas dos dois actores principais, é de tal riqueza que pode ser utilizado em quase todas as áreas do ensino. O espectador acompanha Mandela na sua incansável luta contra o Apartheid, fenómeno político que contribuiu para a manutenção de comportamentos discriminatórios que, ainda hoje, não estão totalmente ultrapassados na África do Sul.


Mandela, uma das mais conhecidas vítimas do Apartheid, foi enclausurado como preso político durante 27 anos, contudo, o espírito deste homem admirável conduziu-o numa demanda pela união entre sul-africanos, sem distinção de raça, contrariamente ao que muitos esperavam.
A vingança pelo tempo que esteve preso nunca esteve na sua lista, e, por esse motivo, logo desde o momento em que é eleito se dedica ao seu objectivo, cumprindo as palavras de William Ernst Henley, mantendo-se "Invictus" e mostrando que nem trabalhos forçados nem o espaço reduto de uma cela vergam um homem convicto nas suas crenças. Vale a pena ler o poema e ouvi-lo numa animação em vídeo que aqui se inclui.
Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.


Num país ainda fortemente dividido e minado por preconceitos e mágoa, qual a melhor estratégia para conseguir a unificação? Mandela encontra-a num improvável campo de rugby. Improvável porque é um desporto algo violento e, especialmente, porque a melhor equipa, os Springboks, sempre tinha sido uma espécie de estandarte da supremacia branca.
A humildade e inteligência do presidente sul-africano guiam-no nesta tarefa titânica, o desafio de vencer a Taça Mundial de 1995 de Rugby. Aquela que é também conhecida por "The Rugby Experiment", é a forma que Mandela encontra para unir o seu povo, através de um desporto extremamente popular, muito mais do que por jogadas políticas, ele investe, enfrentando inclusive a oposição da família, naquilo que acredita ser um bom início para a compreensão e partilha. As emoções dos actores e dos espectadores do filme são prova de que Mandela conseguiu aquilo que tanto ambicionava.
Segue-se o trailer do filme disponível na BECRE, em jeito de convite.


Além da exploração do conteúdo histórico, político, social, filosófico e desportivo (o Apartheid, ideologias políticas e sociais que o enformam e suas consequências, a influência do desporto na sociedade, o espírito de equipa.......) este filme presta-se a ser usado também nas aulas de língua estrangeira a propósito das unidades temáticas sobre multiculturalismo e democracia, e, porque não, nas aulas de Formação Cívica do 9º ano ou numa aula de Português como motivação para redigir uma biografia?
Como na entrada sobre o filme Confessions of a Shopaholic, deixam-se apenas sugestões, ficamos à espera de outras propostas, certamente enriquecedoras, dos nossos leitores.

Artigos relacionados:
«Confessions of a shopaloholic»
«O Emigrante» de Charlie Chaplin
«O escritor fantasma» de Roman Polanski
«O Leitor» de Stephen Daldry

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