O serviço público de educação é um pilar essencial e imprescindível de uma democracia que, por definição, garanta a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento integral de uma sociedade moderna.

«Aos Ombros de Gigantes», de Stephen Hawking

Disponível para consulta na BECRE, a partir de 11.01.2011

Foi do extraordinário físico teórico britânico Stephen Hawking que surgiu a ideia de coligir e comentar num único livro os trabalhos científicos clássicos publicados por Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642), Johannes Kepler (1571-1630), Isaac Newton (1642-1727) e Albert Einstein (1879-1955). “Aos Ombros de Gigantes” é um livro literalmente de peso: pela divulgação da riqueza do pensamento intelectual dos astrónomos e físicos acima mencionados (ao que tudo indica, e de acordo com o professor Carlos Fiolhais, que efectuou o a coordenação científica e o prefácio deste livro, é também a primeira vez que a obra magna de Kepler aparece traduzida em português europeu), e pela monumental lombada (de 7 cm), que deixa logo adivinhar quem o vê, o facto de estar em presença de uma publicação volumosa (com 1287 páginas).
O autor estruturou o livro segundo a cronologia de nascimento dos cientistas escolhidos, tendo feito anteceder a leitura de cada uma das obras de uma curta biografia a que somou alguns comentários/considerações de contextualização histórico-filosófica e de informação sobre a importância científica das mesmas. Por exemplo, tanto poderão encontrar-se nas biografias a indicação de peculiaridades como aquela sobre a obcessão de Kepler pela medição absoluta, que o fez calcular o seu próprio tempo de gestação com a precisão de minutos (224 dias, 9 horas e 53 minutos, ou seja, nasceu prematuro), como a transcrição da renúncia manuscrita de Galileu às suas ideias a favor do sistema heliocêntrico perante a Inquisição.

As obras coligidas integral ou parcialmente neste livro, são as seguintes:
1. “As Revoluções dos Orbes Celestes” (De Revolutionibus Orbium Colestium, 1543), na qual Copérnico divulga a sua razão de que a Terra gira em torno do Sol (sistema heliocêntrico) e não o contrário.
2. “Diálogo sobre Duas Novas Ciências” - Livro 1 (Dialogo Sopre I Due Massimi Sistemi Del Mundo, 1638), de Galileu Galilei em defesa do heliocentrismo.
3. “Harmonias do Mundo” - Livro 5 (Harmonices Mundi, 1618), de Kepler sobre a descoberta das leis do movimento planetário.
4. “Princípios Matemáticos de Filosofia Natural” (Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, 1687), de Newton sobre a mecânica dos movimentos dos corpos celestes e terrestres, e a formulação da lei da gravitação universal.
5. “O Princípio da Relatividade” (Des Relativitatsprinzip, 1922), uma colecção dos sete artigos mais importantes de Einstein sobre a Teoria da Relatividade.

Mais do que estudos, percepções e novas descobertas, este livro apresenta-nos o relato de pensadores capazes de demonstrar que os sistemas naturais «não têm somente uma história, como se poderia imaginar.» (p.16), mas várias, com uma certa probabilidade. Por outro lado, o seu trabalho é conduzido sempre no sentido de obter uma resposta à pergunta mais recorrente desde a Revolução Científica: «Se não estamos no centro do Universo, será que a nossa existência tem alguma importância?» (p.16). Também com interesse, se reveste outra questão: Por que razão o cosmos é como é, e não de outro modo igualmente possível no quadro das mesmas leis objectivas obtidas pela pesquisa científica?
Uma teoria unificada definitiva continua a procurar-se. O antigo paradigma (utopia?) de unificação das forças fundamentais do mundo natural é o motor filosófico da física teórica moderna. Desde Isaac Newton, que percebeu que as leis dos “movimentos celestes” e dos “movimentos terrestres” eram as mesmas (Teoria da Gravitação), até 1984, ano em que Michael Green e John Scharwartz propuseram uma nova teoria de tudo, a Teoria das Supercordas, segundo a qual o mundo microscópio é composto por minúsculas cordas (e não partículas elementares), que ao vibrarem num espaço-tempo de 10 dimensões dão origem a todas as partículas e interacções conhecidas, incluíndo a força da gravidade, o caminho trilhado tem sido longo, tortuoso, duro.
Em 1676, Newton disse a Robert Hooke (1635-1703) que se tinha visto mais longe foi porque estava aos ombros de gigantes. Do mesmo modo, surge agora a oportunidade dos alunos e professores de ciências físico-químicas, matemática, história e filosofia, da ESCT, poderem também “ver mais longe” aproveitando para (re)ler ou consultar gratuitamente cinco obras que são clássicos da ciência. E embora os programas nacionais do ensino secundário não imponham a leitura obrigatória de quaisquer obras clássicas da ciência aos alunos do Curso de Ciências e Tecnologia, estas poderão sempre ser utilizadas pelos professores nas aulas, para contextualizar historicamente as matérias leccionadas ou servir como fonte para a obtenção de excertos de textos com valor didáctico que justifique a elaboração de fichas de trabalho estimulantes do raciocínio lógico, analítico e de integração de conhecimentos, ou o desenvolvimento de debates sobre a metodologia da ciência e a sua ligação à sociedade. Os diálogos que Galileu estabelece entre Salviati e Simplicius, opondo o sistema geocêntrico de Ptolomeu (90-168) ao heliocêntrico de Copérnico, são um exemplo a aproveitar, e os temas da interferência da Inquisição no trabalho científico desenvolvido durante a Revolução Científica ou do nazismo no desenvolvimento da relatividade, outros.
Apesar da matemática que se encontra nos artigos de Einstein ultrapassar a leccionada no ensino secundário, o que torna incompreensível o seu conteúdo pelos alunos, importa, pelo menos, que estes conheçam a real contribuição deste cientista para o desenvolvimento da física com a leitura da biografia comentada de Stephen Hawking.
  
Fundo documental seleccionado, relacionado e disponível na BECRE


HAWKING, Stephen W.
Breve história do tempo: do Big Bang aos buracos negros / Stephen W. Hawking ; introd. Carl Sagan ; trad. Ribeiro da Fonseca ; rev. , adaptação do texto e notas José Félix Gomes da Costa. - Lisboa : Gradiva, 1988. - 247 p.. - (Ciência Aberta ; 27) 
Ciências naturais / Astronomia / Astrofísica / Universo / Sistema estelar
CDU: 524
Cota: 524 CIE AST HAW ESCT 02714




WILL, Clifford M.
Einstein tinha razão?: testando a teoria da relatividade geral / Clifford M. Will ; rev. e notas de David Lopes Gagean ; trad. José Carlos Fernandes ; rev. texto Miguel Antunes Pereira. - Lisboa : Gradiva, 1989. - 306 p.. - (Ciência Aberta ; 29)
Ciências naturais / Física / Teoria da relatividade / Einstein / Universo / Astronomia
CDU: 530.12
Cota: 530.12 CIE FIS WIL ESCT 02716


CRATO, Nuno ; REIS, Fernando ; TIRAPICOS, Luís
Trânsitos de Vénus : à procura da escala exacta do sistema solar / Nuno Crato, Fernando Reis, Luís Tirapicos; pref. Steven J. Dick. - Lisboa : Gradiva, 2004. - 182 p. : il., tabelas, fotografias ; 23 x 15 cm
ASTRONOMIA/MATEMÁTICA/HISTÓRIA/SISTEMA SOLAR/VÉNUS/MERCÚRIO/KEPLER/GASSENDI/HALLEY/HORROCKS/CAPITÃO COOK/TEODORO DE ALMEIDA/SOARES DE BARROS/
CDU: 523
Cota: 523 ASTR CRAT 1 ESCT 01133


SAGAN, Carl
Cosmos / Carl Sagan. - s.ed. - Lisboa : Gradiva, s.d. - 410 [+1] p. - (Ciência ; 8)
Astronomia / Ciência / Sistema solar / Exploração espacial / Corpo celeste
CDU: 523
Cota: 523 ASTR SAGA 1 ESCT 00834


Rosa Espada

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