Publica-se um texto sobre a conferência de Inácio Ludgero no passado mês de Novembro de 2010. Ao seu autor, Joel Joaquim - aluno de Comunicação Social que frequentou o ensino secundário na ES Cacilhas-Tejo; a BECRE agradece a sua colaboração que se espera que constitua a primeira de muitas.
José Fernando Vasco
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No passado dia 29 de Novembro, realizou-se na BE/CRE desta nossa ESCT uma conferência com Inácio Ludgero, fotojornalista de profissão, actualmente Freelancer. Esta sessão, destinada tanto a curiosos, peritos na área ou meros amadores, serviu como (bom) ponto de esclarecimento de dúvidas, tendo sido pautada por uma atitude bastante informal por parte do convidado, que se revelou de carácter tão fascinante como o tema desta conferência em si.
Sendo eu estudante de Comunicação Social, é-me extremamente importante conhecer a fundo todas as vertentes de actuação nesta área. Como tal, só tenho a agradecer ao professor José Fernando Vasco o convite para esta conferência, que me permitiu ter uma (muito) melhor noção do que é realmente ser um repórter fotográfico. Devo confessar que fiquei seguidor deste tão ilustre membro da nossa imprensa.
Para quem não o conhece (algo natural dado que muitas vezes o produto torna-se sobejamente mais reconhecido do que o seu legítimo autor), Inácio Ludgero nasceu na Amadora em 1950 mas considera-se Alentejano por adopção e cidadão do mundo por opção. Foi fotojornalista em publicações tão relevantes na área como o já extinto “A Capital” (tendo pertencido aos quadros do jornal entre 1972 e 1975) e a revista “Visão” (de 1992 a 2008), sendo que no seu “currículo” constam fotos a personalidades tão distintas como Marcel Marceau, Amália Rodrigues ou Xanana Gusmão, destacando-se também as suas foto-reportagens de cenários de guerra ou de acontecimentos importantes na nossa história. Exemplifico com as fotos da sua autoria tiradas durante os acontecimentos do 25 de Abril de 1974, destacando uma foto que capta Salgueiro Maia no dia seguinte, dirigindo-se para a sua casa, com uma expressão tão serena como de sentimento de dever cumprido. Foi aquele preciso momento, único, irrepetível, em que bastou haver alguém que estivesse no sítio certo à hora certa, que originou tão singular, porém importante instantâneo. É essa a verdadeira essência do repórter fotográfico. Limitando-se a capturar a realidade, regista momentos tão significativos que perdurarão para a posteridade, tendo que ser frio, isento e acima de tudo, factual.
Nutrindo uma grande paixão pela fotografia a preto e branco, e tendo como ídolo Henri Cartier-Bresson, famoso fotógrafo francês, Inácio Ludgero foi-nos dizendo entredentes que, dentro da captação do momento que a fotografia representa, a foto a preto e branco ainda consegue deixar espaço ao observador para a imaginação. Recorrendo às palavras de Cartier-Bresson, que afirma que "A fotografia é uma abstracção em que a sobriedade do preto e branco faz concentrar a atenção sobre o conteúdo. A cor é mais própria para a pintura.", entendemos melhor o seu ponto de vista. Ao considerar a câmara fotográfica como uma extensão do olho humano, e quando questionado sobre os tempos de reacção espectaculares que os fotógrafos precisam de ter, este respondeu humildemente “não somos super-heróis”. E com uma resposta assim, fiquei eu sem palavras.
E foi assim, ao longo de curtíssimas duas horas, que esta sessão decorreu, havendo lugar para perguntas, diálogos abertos e relato de experiências pessoais. E por mim falo, mas penso poder falar pelos presentes que se houve lugar para expectativas elevadas, estas mantiveram-se após o término desta “reunião de experiências, versão late night”. E sem dúvida que a partir de agora, irei ter (ainda) mais respeito pelos bons repórteres fotográficos, que no fundo não querem fazer provar que a imagem vale mais que mil palavras, mas que é tão importante como estas.
Para quem não o conhece (algo natural dado que muitas vezes o produto torna-se sobejamente mais reconhecido do que o seu legítimo autor), Inácio Ludgero nasceu na Amadora em 1950 mas considera-se Alentejano por adopção e cidadão do mundo por opção. Foi fotojornalista em publicações tão relevantes na área como o já extinto “A Capital” (tendo pertencido aos quadros do jornal entre 1972 e 1975) e a revista “Visão” (de 1992 a 2008), sendo que no seu “currículo” constam fotos a personalidades tão distintas como Marcel Marceau, Amália Rodrigues ou Xanana Gusmão, destacando-se também as suas foto-reportagens de cenários de guerra ou de acontecimentos importantes na nossa história. Exemplifico com as fotos da sua autoria tiradas durante os acontecimentos do 25 de Abril de 1974, destacando uma foto que capta Salgueiro Maia no dia seguinte, dirigindo-se para a sua casa, com uma expressão tão serena como de sentimento de dever cumprido. Foi aquele preciso momento, único, irrepetível, em que bastou haver alguém que estivesse no sítio certo à hora certa, que originou tão singular, porém importante instantâneo. É essa a verdadeira essência do repórter fotográfico. Limitando-se a capturar a realidade, regista momentos tão significativos que perdurarão para a posteridade, tendo que ser frio, isento e acima de tudo, factual.
Nutrindo uma grande paixão pela fotografia a preto e branco, e tendo como ídolo Henri Cartier-Bresson, famoso fotógrafo francês, Inácio Ludgero foi-nos dizendo entredentes que, dentro da captação do momento que a fotografia representa, a foto a preto e branco ainda consegue deixar espaço ao observador para a imaginação. Recorrendo às palavras de Cartier-Bresson, que afirma que "A fotografia é uma abstracção em que a sobriedade do preto e branco faz concentrar a atenção sobre o conteúdo. A cor é mais própria para a pintura.", entendemos melhor o seu ponto de vista. Ao considerar a câmara fotográfica como uma extensão do olho humano, e quando questionado sobre os tempos de reacção espectaculares que os fotógrafos precisam de ter, este respondeu humildemente “não somos super-heróis”. E com uma resposta assim, fiquei eu sem palavras.
E foi assim, ao longo de curtíssimas duas horas, que esta sessão decorreu, havendo lugar para perguntas, diálogos abertos e relato de experiências pessoais. E por mim falo, mas penso poder falar pelos presentes que se houve lugar para expectativas elevadas, estas mantiveram-se após o término desta “reunião de experiências, versão late night”. E sem dúvida que a partir de agora, irei ter (ainda) mais respeito pelos bons repórteres fotográficos, que no fundo não querem fazer provar que a imagem vale mais que mil palavras, mas que é tão importante como estas.
Joel Joaquim
(Aluno de Comunicação Social do
Instituto Politécnico de Setúbal)
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