António Júlio Rosa, autor de «Memórias de um prisioneiro de guerra», esteve ontem na BECRE como convidado da décima sessão «O Prazer de Ler». Durante cerca de duas horas, partilhou com professores, adultos-formandos e outros convidados a sua incrível história de militar na Guiné durante a Guerra Colonial, durante a qual foi feito prisioneiro de guerra pelo PAIGC e teve a oportunidade de contactar com Amílcar Cabral e Nino Vieira. O seu testemunho, emocionado e profundamente humano - «estou aqui graças a Amílcar Cabral, apesar de ser "inimigo", e graças aos dezoito fuzileiros que me libertaram da prisão em Conacri» [no âmbito da operação «Mar Verde», liderada por Alpoim Calvão] - prendeu a atenção da assistência, literalmente siderada com a sua história de vida.
Quando no final questionado sobre qual dos países [Portugal] valoriza mais, o país que o mandou para a guerra ou o país que o libertou, não hesitou: «devo a minha vida aos militares que me libertaram, os que me enviaram para a guerra são lixo!» Da mesma forma não deixou de traçar largos elogios a Amílcar Cabral, cuja morte representou, na sua opinião, uma perda enorme para África.
Para os presentes e para os ausentes da conferência, o autor proporcionou a possibilidade de uma leitura fascinante ao oferecer à BECRE um exemplar de «Memórias de um prisioneiro de guerra», cujo final é, verdadeiramente, um sinal claro da dimensão humanista de António Júlio Rosa:
« O que vale realmente a pena...é viver em paz!...
Viver em democracia no pleno gozo da liberdade e dos direitos humanos
a que todo o cidadão, independentemente da cor, raça e da religião tem direito!...»
(Rosa: 2003,173)
A António Júlio Rosa,
um agradecimento sentido pela sua coragem e humanidade!
José Fernando Vasco
José Lourenço Cunha
Manuela Ventura Santos